Kate Cox é a primeira mulher a pedir a um juiz para fazer um aborto desde que é proibido no Texas

Kate Cox é a primeira mulher a pedir a um tribunal do Texas que autorize um aborto desde que a interrupção da gravidez começou a ser proibida em vários estados norte-americanos.

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O aborto é proibido no Texas, EUA Reuters/BRIAN SNYDER (imagem de arquivo)
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Kate Cox, uma mulher de 31 anos do Texas, está grávida de 20 semanas. Depois de ser avaliada três vezes no último mês, no hospital, foi diagnosticada com uma gravidez inviável, ao descobrirem que o feto tem trissomia do cromossoma 18, - uma doença fatal. Segundo a denúncia entregue ao tribunal estadual e partilhada pelo jornal The Guardian, isto quer dizer, que a probabilidade de o bebé sobreviver até ao nascimento ou até pouco tempo depois é muito baixa.

Por causa da proibição do aborto no Texas, que entrou em vigor com a reversão da decisão do caso Roe vs. Wade, os médicos de Kate Cox informaram-na de que “terá de esperar até que o bebé acabe por morrer dentro dela ou terá de prosseguir com a gravidez, realizar uma cesariana e ver o seu filho sofrer até que morra”, lê-se na denúncia. Por já ser mãe de duas crianças, Kate Cox tem um maior risco de sofrer uma ruptura uterina e uma histerectomia.

“Não quero prolongar a dor e o sofrimento que têm atormentado esta gravidez. Não quero colocar o meu corpo sob os riscos de prosseguir com esta gravidez. Não quero que o meu bebé chegue a este mundo apenas para vê-lo sofrer. Eu preciso de interromper a minha gestação agora para dar a melhor chance à minha saúde e a uma gravidez futura”, partilhou Kate com o The Guardian.

Segundo a denúncia, os médicos explicaram à mulher que só podem induzir o parto quando o feto já não apresentar batimentos cardíacos. Para salvaguardar a vida da mulher, os médicos apontam o procedimento abortivo como a sua melhor alternativa, já que a indução do parto acarreta consequências mais fatais, como a ruptura uterina. Os médicos de Kate Cox não agem por “temerem serem processados” devido à proibição do aborto no estado norte-americano.

É por isto que, agora, Kate Cox, representada por advogados do Centro de Direitos Reprodutivos, está a pedir ao juiz da região de Travis (Texas) que deixe a médica Damla Karsan realizar o procedimento abortivo, sem que sofra consequências criminais.

Texto editado por Pedro Sales Dias

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