Para muitas pessoas que têm dificuldade em engravidar, uma linha de tratamento inicial é a inseminação artificial, um procedimento que pode custar até mil dólares (quase 930 euros) e cujo valor as seguradoras nem sempre cobrem, nos Estados Unidos da América. Contudo, antes de dar esse passo, a startup Mosie Baby quer que os casais o tentem em casa, por apenas 129 dólares (ou 119 euros).
O kit caseiro também vem com o selo de aprovação da agência norte-americana FDA (Food and Drug Administration). A empresa, com sede em Austin disse, na quarta-feira, que o primeiro kit caseiro teve a luz verde do regulador para inseminação intravaginal.
A Mosie Nany já está no mercado desde 2015, mas, em 2020, a FDA emitiu uma nota de alerta onde dizia que os kits de inseminação caseira tinham de ter a aprovação de dispositivos médicos de Classe II. Em Junho, a FDA aprovou a Ferti-Lily, um kit de inseminação caseiro que usa um copo cervical.
“Isto quer dizer que o nosso dispositivo foi testado de forma rigorosa”, disse a co-fundadora e CEO da Mosie Baby, Maureen Brown. “Dá confiança ao utilizador final e à comunidade médica de que foi fabricado seguindo os padrões de qualidade mais elevados e que tem um desempenho de alto nível.”
O kit da Mosie Baby não é o mesmo que uma inseminação intra-uterina, onde o esperma é inserido dentro do útero por um profissional médico, para que tenha mais hipóteses de fertilizar um óvulo. Este procedimento é, com frequência, acompanhado por medicação e outros testes com o objectivo de aumentar as hipóteses de engravidar.
Em vez disso, com este método, o esperma é introduzido com uma seringa dentro da vagina, mas não vai tão fundo quanto na inseminação intra-uterina e é mais semelhante ao que acontece durante o sexo. Mosie Baby espera vir a tornar-se uma das primeiras opções para aqueles que usam dadores de esperma ou barrigas de aluguer, quem tem problemas com a intimidade ou casais que já não conseguem alinhar as suas agendas para ter tempo para relações sexuais.
“Há muita gente que pode ficar frustrada com a jornada que é tentar engravidar ou que apenas querem uma alternativa ao método que já experimentaram antes de tentar outras opções”, afirmou Brown.
Ela e o marido, o co-fundador e director criativo Marc Brown, chegaram a esta ideia para o kit depois de terem passado pela inseminação intra-uterina e terem desejado uma opção mais fácil e confortável.
Zev Williams, director do programa de fertilidade do Centro Médico de Irving da Universidade de Columbia, disse que para quem tem dificuldade em engravidar, é melhor ir ao médico para se poder determinar qual será a causa. Se, por exemplo, a mulher tiver as trompas de Falópio bloqueadas, não há forma física de o esperma chegar onde precisa, fazendo que o kit caseiro se torne inútil.
“Não recomendaria usar isto antes de uma consulta num ginecologista, que pode perceber que testes básicos se podem fazer para garantir que há potencial nesta opção”, afirmou.
Os dados sobre as gravidezes que resultaram da utilização destes kits ainda não foram estudadas a nível clínico, mas alguns estudos mais pequenos concluíram que a inseminação artificial intravaginal caseira pode ser uma forma efectiva e simples de engravidar para os casais que estão a lidar com uma disfunção sexual. As taxas de sucesso para as versões mais intensivas da inseminação intra-uterina variam entre 5% e 15%, de acordo com uma análise.
Cada kit tem o equipamento necessário para duas inseminações. Estão disponíveis em lojas, parafarmácias e no site da empresa. A start-up conseguiu um milhão de dólares em Setembro, conseguindo um investimento total de dois milhões de dólares. A empresa diz que os kits ajudaram mais de cem mil famílias que queriam engravidar.