Apoiantes de Trump no Wisconsin admitem que falsificaram certificados eleitorais

Dez republicanos que assinaram atestados de vitória de Donald Trump no Wisconsin, após a eleição presidencial de 2020, reconhecem que foram enganados por elementos da campanha de Donald Trump.

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Na Georgia, Trump e 18 colaboradores seus foram acusados de tentarem subverter os resultados da eleição de 2020 Reuters/FULTON COUNTY SHERIFF'S OFFICE
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Dez militantes e eleitores do Partido Republicano no estado norte-americano do Wisconsin admitiram, nesta quarta-feira, que assinaram um certificado falso a dar Donald Trump como o vencedor da eleição presidencial de 2020, e prometeram nunca mais agir como representantes do ex-Presidente dos Estados Unidos em futuras eleições.

Como parte de um acordo para escaparem a um julgamento, os dez republicanos admitiram também, pela primeira vez, que Joe Biden é o legítimo Presidente dos EUA; e um deles, à época o líder do Partido Republicano no Wisconsin, Andrew Hitt, disse que ele e os seus colegas foram enganados, e garantiu que não irá apoiar Trump na eleição de 2024.

Após a eleição de 2020, Hitt e outros nove republicanos do Wisconsin aceitaram — à semelhança do que aconteceu com outros grupos de republicanos em mais seis estados onde Biden foi o mais votado — apresentar-se como "grandes eleitores" de Trump — os cidadãos que, segundo o sistema eleitoral dos EUA, onde os Presidentes são eleitos de forma indirecta, representam os candidatos no Colégio Eleitoral.

A 14 de Dezembro de 2020, no dia em que os dez "grandes eleitores" de Biden no Wisconsin se reuniram no Capitólio do estado para atribuírem os seus votos ao então candidato do Partido Democrata — cuja vitória nas urnas tinha sido confirmada previamente pelos responsáveis eleitorais —, os dez republicanos que agora dizem estar arrependidos encontraram-se numa outra sala, no mesmo edifício, para assinarem declarações falsas em que Trump era dado como vencedor.

Em declarações ao tribunal, os republicanos disseram que foram convencidos por representantes da campanha de Trump a assinarem os certificados eleitorais falsos, com o pretexto de que seriam usados como reserva se os tribunais atribuíssem a vitória ao então Presidente dos EUA. No caso do Wisconsin, a reunião do grupo de republicanos no Capitólio aconteceu uma hora depois de o Supremo Tribunal do estado ter rejeitado as queixas de Trump.

"Opomo-nos a qualquer tentativa de sabotar a confiança pública nos resultados da eleição presidencial de 2020", dizem os dez republicanos numa declaração entregue ao tribunal. "Declaramos também que retiramos as nossas assinaturas dos documentos, e pedimos que o grande público e as entidades que os receberam os descartem."

Segundo os despachos de acusação nos dois processos em que Trump é acusado de tentar subverter os resultados da eleição de 2020 — um a decorrer no estado da Georgia e outro conduzido pelo Departamento de Justiça —, o plano do então Presidente dos EUA e dos seus apoiantes passava pelo envio ao Congresso de certificados de vitória falsos referentes a sete estados, que seriam depois usados pelo vice-presidente dos EUA, Mike Pence, para justificar a suspensão da contagem dos votos na cerimónia de 6 de Janeiro de 2021 no Capitólio, em Washington.

A recusa de Pence em dar como válidos os certificados falsos esteve na origem da invasão do edifício por apoiantes de Trump, com a cerimónia a ser retomada horas mais tarde e a terminar com a confirmação da eleição de Biden como Presidente dos EUA.

Além do processo no Wisconsin, estão em curso investigações pelos mesmos motivos no Arizona, no Nevada e no Novo México, e os procuradores do Ministério Público do Michigan e da Georgia já formalizaram acusações contra alguns republicanos que participaram no plano em 2020.

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