Prémio Turner atribuído ao artista Jesse Darling

Questões de classe e poder, identidade britânica e múltiplas formas de expressão estão em jogo no trabalho do premiado — que no final do seu discurso de aceitação mostrou bandeira palestiniana.

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A obra de Jesse Darling Ben Westoby
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O prémio Turner, um dos mais influentes do mundo da arte, foi atribuído ao artista britânico Jesse Darling, cuja obra "perturba noções de trabalho, de classe, do ser britânico e de poder", anunciou a organização terça-feira à noite.

Jesse Darling, de 41 anos e que trabalha entre Londres e Berlim, estava nomeado por duas exposições, No Medals No Ribbons, no Modern Art Oxford, e Enclosures, no Camden Art Centre. O seu trabalho escultórico e de instalação “evoca a vulnerabilidade do corpo humano e a precariedade das estruturas de poder”, disse a Tate, organizadora do prémio, no anúncio dos nomeados em Abril.

Em comunicado, a Tate, lembrou esta terça-feira que "a prática recente de Jesse Darling engloba escultura, instalação, texto e desenho". O júri elogiou o seu uso de materiais e de objectos do quotidiano, como cimento, barreiras fundidas, fitas de alerta, dossiers de escritório e outros para transmitir um "mundo familiar, mas ainda assim delirante".

Eva Herzog
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O prémio foi-lhe entregue pelo rapper Tinie Tempah e Darling aproveitou o discurso de aceitação para criticar a política de ensino artístico que vigora no Reino Unido desde o executivo de Margaret Thatcher. "Ela criou o caminho para o maior truque que os Tories [conservadores] alguma vez fizeram, que foi convencer as pessoas trabalhadoras do Reino Unido que estudar, auto-expressão e o que os suplementos dos jornais descrevem como 'Cultura' é só para certas proveniências socio-económicas. Só quero dizer que não acreditem, é para todos." Não foi a única mensagem que deixou — tirou uma bandeira palestiniana do bolso, mostrando ao público que assistia na BBC que acredita que há "um genocídio em curso" na guerra entre Israel e o Hamas.

Nascido em Oxford, no Reino Unido, em 1981, Jesse Darling estudou na Central Saint Martins, da Universidade das Artes de Londres, e completou um mestrado em Belas Artes na escola Slade, da University College London. Em 2021, Darling lançou a primeira colecção de poesia, intitulada Virgins.

O prémio, no valor de 25 mil libras (cerca de 29 mil euros), visa "promover o debate público sobre novos desenvolvimentos na arte contemporânea britânica" e é atribuído a artistas nascidos ou sediados no Reino Unido por trabalho apresentado nos 12 meses anteriores.

Os finalistas deste ano, para além de Darling, eram Ghislaine Leung, Rory Pilgrim e Barbara Walker. Serão atribuídas 10 mil libras (12 mil euros) a cada um dos três finalistas.

O júri do prémio Turner de 2023 foi presidido pelo director da Tate Britain, Alex Farquharson, e composto pelo director do Centro de Arte de Camden, Martin Clark, pelo curador-chefe do Museu de Arte Contemporânea de Bordéus, Cédric Fauq, pela directora da Wellcome Collection, Melanie Queen, e pela directora artística do Cromwell Place, Helen Nisbet.

No passado e desde a sua criação em 1984, o prémio já distinguiu nomes como Steve McQueen, Damien Hirst, Wolfgang Tillmans, Anish Kapoor, Gilbert & George e, nos últimos anos, muito mais mulheres como Helen Marten, Elizabeth Price ou Laure Provost.