Ofensiva alargada de Israel deixa palestinianos em Gaza sem locais seguros

Israel disse que terça-feira foi o “dia mais intenso” de combates desde o início das operações terrestres em Gaza. EUA restringem emissão de vistos para colonos na Cisjordânia.

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Palestinianos procuram sobreviventes entre os escombros de um edifício destruído por um bombardeamento israelita no sul de Gaza EPA/MOHAMMED SABER
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As operações militares israelitas alargaram-se esta terça-feira a grande parte da Faixa de Gaza, naquele que foi “o dia mais intenso” de combates desde o início da ofensiva terrestre, como assumiu um dos comandantes das Forças de Defesa de Israel (IDF). Com a expansão dos ataques militares israelitas, restam poucos locais seguros para mais de um milhão de palestinianos que já tinham sido forçados a abandonar as suas casas.

Israel disse esta terça-feira que as suas tropas alcançaram “o coração de Khan Younis”, a maior cidade na zona sul de Gaza e que durante as últimas semanas serviu de abrigo a centenas de milhares de pessoas que fugiram da região norte, onde, até agora, se tinham concentrado as operações militares.

“Estamos no dia mais intenso desde o início da operação terrestre”, disse o comandante do Comando Sul das IDF, o general Yaron Finkelman, através de um comunicado em que também relatou avanços israelitas em Jabalia, um grande campo de refugiados no norte da Faixa de Gaza, e em Shujaiiya, a leste da Cidade de Gaza, para além de Khan Younis.

As autoridades israelitas dizem que há importantes infra-estruturas associadas ao Hamas nestes locais, assim como dirigentes relevantes do movimento islamista responsável pelos ataques brutais de 7 de Outubro em Israel em que 1200 pessoas morreram e mais de 200 foram raptadas. As IDF acreditam estar perto de localizar e eliminar o líder do Hamas e um dos principais mentores dos ataques contra Israel, Yahya Sinwar, que poderá estar em Khan Younis.

Mas, no terreno, o rasto deixado pela operação agora alargada de Israel em Gaza é apenas de destruição e desespero. “Todos os dias vemos mais crianças mortas e novos graus de sofrimento para as pessoas inocentes que suportam este inferno”, disse o secretário-geral do Conselho Norueguês para os Refugiados, Jan Egeland, que apelou uma vez mais ao fim da ofensiva. “A situação em Gaza é o falhanço total da nossa humanidade partilhada”, afirmou.

Israel acusa o Hamas e outros grupos armados de utilizarem infra-estruturas civis, como escolas e hospitais, para esconder armas, líderes e até planear ataques, para justificar os bombardeamentos destes edifícios. As IDF planeiam inundar os túneis subterrâneos utilizados pelo Hamas, segundo o jornal Wall Street Journal, que refere a deslocação de cinco grandes tanques de água pelas forças israelitas para perto da costa no norte da Faixa de Gaza.

As autoridades da Faixa de Gaza, controladas pelo Hamas, dizem que mais de 16 mil pessoas morreram desde o início da ofensiva militar israelita, a maioria das quais crianças e mulheres, e milhares permanecem desaparecidas, temendo-se poderem estar soterradas.

O alargamento das operações israelitas deverá tornar ainda mais desesperada a situação da população civil. Israel tem fornecido instruções aos civis para abandonarem os locais onde haverá bombardeamentos e combates, mas com o acesso à Internet fortemente condicionado, a maioria não consegue aceder às informações.

No último mês, Khan Younis era já a cidade mais procurada para quem fugia dos bombardeamentos a norte – cerca de 1,8 milhões de palestinianos de Gaza terão sido desalojados desde o início da ofensiva, segundo a ONU. A pressão sobre Rafah, o ponto de passagem no sul da fronteira de Gaza, deverá aumentar exponencialmente. A agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos calcula que mais de um milhão de pessoas se desloque para a cidade nos próximos dias.

“Temos dezenas de milhares de famílias nas ruas, já estão a abrigar-se debaixo de coisas aleatórias, pedaços de tecido e madeira”, disse à Al-Jazeera o responsável da UNRWA, Adnan Abu Hasna.

Num sinal de crescente frustração com a forma como Israel tem respondido aos ataques de Outubro, os EUA divulgaram uma série de restrições à emissão de vistos para colonos israelitas envolvidos em actos de violência contra palestinianos na Cisjordânia. “A violência contra civis terá consequências”, declarou o secretário de Estado, Antony Blinken, ao anunciar a medida.

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