Seis árvores do tempo dos dinossauros vivem agora em Sintra

O Parque da Pena, em Sintra, conta agora com uma nova espécie na sua colecção botânica. O parque foi o único no país seleccionado para acolher seis exemplares da árvore Wollemi nobilis.

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O Parque da Pena, em Sintra, recebe seis exemplares da espécie Wollemis nobilis D.R/Jose Marques Silva
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Desde o passado dia 17 de Novembro, o Parque da Pena, em Sintra, conta com uma nova espécie na sua colecção botânica. No âmbito do projecto de conservação internacional da árvore Wollemi nobilis, este parque foi o único no país a receber seis exemplares do fóssil vivo, contemporâneo dos dinossauros.

O Global Wollemia nobilis metacollection pilot program, liderado pela chefe executiva do Jardim Botânico de Sidney, Denise Ora, tem como objectivo salvar da extinção esta espécie arbórea, originária das florestas australianas.

Actualmente, existem cerca de 100 exemplares da árvore em estado selvagem. Esta é uma das espécies que constam na lista vermelha do IUCN (International Union for the Conservation of Nature), classificada como “criticamente em risco”.

É num contexto de quase extinção que um grupo de investigadores australianos desenvolveu um aprofundado estudo genético da espécie, produzindo em laboratório exemplares que representam a totalidade do património genético encontrado na população selvagem destas árvores.

Para a posterior plantação destes espécimes, foram seleccionados vários jardins pelo mundo. O Parque da Pena, em Sintra, pelas suas condições climáticas e pelo trabalho activo na preservação da biodiversidade, foi um dos contemplados.

Luís Calaim, administrador da Parques de Sintra, empresa gestora dos parques e jardins da vila, incluindo o Parque da Pena, avança que a prioridade desta entidade “vai além da manutenção dos espaços”.

Tendo a conservação da natureza e da biodiversidade como uma das suas “missões”, a Parques de Sintra tem realizado investimentos no âmbito “da recuperação e restauro de colecções botânicas”. Além disso, o administrador destaca a implementação de medidas de “combate às espécies invasoras” e de “compatibilização da flora exótica com os valores naturais autóctones”.

Para Luís Calaim, “a participação no projecto internacional de conservação desta espécie botânica” representa o reconhecimento do trabalho da Parques de Sintra na área.

Uma metacolecção de Wollemis pelo mundo

O projecto-piloto de conservação desta espécie pretende criar uma “metacolecção” de Wollemis pelo mundo. São 34 os jardins que acolhem exemplares do género – 28 instituições europeias, cinco australianas e uma norte-americana – e a dispersão destes fósseis vivos pelos diferentes continentes tem um propósito: aumentar a garantia da sua conservação.

Foram os incêndios que devastaram o leste australiano entre Dezembro de 2019 e Janeiro de 2020, conhecidos como Verão negro, que puseram em evidência a necessidade da distribuição geográfica como estratégia de conservação.

Durante o “Verão negro” australiano, milhares de hectares de floresta foram queimados, incluindo exemplares desta conífera. A partir desse momento, ficou claro que “repositórios ex situ (fora do lugar de origem), em vários continentes diferentes” aumentam a probabilidade de conservação de uma espécie”, avança a Parques de Sintra.

Os fósseis mais antigos da Wollemi nobilis têm 200 milhões de anos e remontam ao período Cretáceo. Contemporâneas dos dinossauros, estas árvores foram consideradas extintas até 1994, quando um jovem explorador, David Noble, as descobriu num desfiladeiro do Parque Nacional de Wollemi, a 150 quilómetros da cidade de Sydney. O nome científico do género, Wollemis, adoptou o nome do parque onde foi descoberto, e a qualificação da espécie, nobilis, é um tributo prestado ao jovem explorador que descobriu estas árvores.