Banco Alimentar recolheu quase 2300 toneladas de alimentos nos últimos três dias
As 2292 toneladas de alimentos recolhidos simbolizam um aumento de 10% nas doações em relação ao ano passado. Presidente do Banco Alimentar destaca “grande solidariedade” dos portugueses.
A campanha do Banco Alimentar contra a Fome recolheu quase 2300 toneladas de alimentos nos últimos três dias, mais 10% do que em igual período do ano passado, avançou a instituição. São mais 500 toneladas que as 1800 apontadas no domingo pela presidente do Banco Alimentar, quando salientou a "grande solidariedade" dos portugueses que "doaram tempo e alimentos".
"A campanha correu muito bem. Tivemos muitos voluntários e uma grande adesão de quem foi às compras. Mais uma vez os portugueses mostraram uma grande solidariedade, seja através da doação de tempo quer seja de alimentos", afirmou à Lusa a presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome (FPBACF), Isabel Jonet.
Até às 18h deste domingo, "já tinham sido contabilizadas mais de 1800 toneladas de produtos doados", acrescentou Isabel Jonet, salientando que este é ainda um valor provisório, uma vez que alguns dos 21 bancos espalhados pelo país ainda não terminaram as contagens.
Entretanto, num comunicado, a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome (FPBACF) revelou que recolheu mais de 2292 toneladas de géneros alimentares nos 21 bancos espalhados pelo país, em comparação com 2098 toneladas na campanha de 2022.
Nos dois primeiros dias de campanha — sexta-feira e sábado — recolheram 1555 toneladas. Isabel Jonet afirmou acreditar que, quando as contas estiverem fechadas, será revelado um novo recorde em relação a 2022. "Não tenho quaisquer dúvidas de que vamos ultrapassar o valor do ano passado", disse, acrescentando que no último Natal os voluntários recolheram 2098 toneladas. Isso veio mesmo a confirmar-se.
A presidente do FPBACF lembrou que há cada vez mais gente a atravessar sérias dificuldades financeiras: "Quando as pessoas pedem ajuda para comer é quando já se esgotaram todos os outros pedidos de ajuda. Não é fácil pedir ajuda para comer". "Existem cerca de dois milhões de pessoas que vivem com menos de 591 euros por mês", sublinhou Isabel Jonet, lembrando que metade destas pessoas "vive com menos de 224 euros". No ano passado, 17% das pessoas em Portugal estavam em risco de pobreza (mais 0,6 pontos percentuais do que no ano passado), segundo dados divulgados recentemente pelo INE.
Além destes casos, identificados nas estatísticas, existem muitas outras situações, como "jovens casais com crianças", que trabalham, têm rendimentos superiores, mas "não conseguem pagar as contas", alertou Isabel Jonet, dando exemplos de famílias que "viram o empréstimo da casa aumentar quatro vezes". "Nós vimos cair em situação de pobreza pessoas que nunca imaginaram estar nesta situação", lamentou, explicando que há cada vez mais gente a usufruir do trabalho dos bancos alimentares.
Neste fim-de-semana, cerca de 40 mil voluntários tornaram possível a campanha que decorreu nos últimos três dias sob o mote "A sua ajuda pode ser o que falta à mesa de uma família". Em regra, o Banco Alimentar promove duas campanhas por ano que se destinam a angariar alimentos básicos para pessoas carenciadas, como leite, arroz, massas, óleo, azeite, grão, feijão, atum, salsichas, bolachas e cereais de pequeno-almoço. Os bens entregues aos voluntários à saída dos supermercados foram encaminhados para os diversos armazéns do Banco Alimentar, onde são separados e acondicionados antes de serem distribuídos pelas pessoas com carências alimentares comprovadas.
A presidente da FPBACF saudou o empenho dos voluntários, "pessoas muito diferentes que querem estar lado a lado a contribuir para uma mesma causa". "Há muita malta jovem, escuteiros, guias, mas também escolas e empresas que promovem acções de voluntariado, mas também pessoas que aparecerem em nome individual", disse, acrescentando que há "pessoas de todas as idades, convicções e até diferentes clubes de futebol".