Mina em risco de colapso no Brasil. Região de Maceió afundou-se 1,5 metros

Há mais de dez anos, investigadores publicaram alertas sobre o risco da mineração em áreas de Maceió. Em 2018, tremor de terra provocou o afundamento de cinco bairros.

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Jose Rinaldo Januario, morador afectado pelo risco de colapso Reuters/AMANDA PEROBELLI
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Jose Rinaldo JanuarioA influência dos políticos pode acelerar um socorro tardio à capital EPA/Thiago Sampaio
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Parte de uma capital com quase um milhão de habitantes pode tornar-se uma cratera. A Prefeitura de Maceió (câmara municipal) montou uma operação para retirar moradores dos arredores de uma mina que entrou em risco de colapso. A região afundou-se quase 1,5 metros e, até à noite de sexta (1 de Dezembro), afundava-se ao ritmo de um centímetro por hora.

É um daqueles desastres em câmara lenta que não podem ser descritos como acidentes. A empresa Braskem começou a retirar sal-gema das minas da cidade na década de 1970. A actividade mostrou-se lucrativa e duradoura. A empresa e o poder público demoraram a interessar-se pelo impacto dessas décadas de exploração.

Há mais de dez anos, investigadores publicaram alertas sobre o risco da mineração em áreas de Maceió. Em 2018, um tremor de terra provocou o afundamento de cinco bairros e obrigou 60 mil moradores a saírem da região. A Braskem só começou a fechar as minas um ano depois.

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Casas mostram risco de colapso STRINGER

O estrago tinha sido feito, mas ainda estava longe do fim. A empresa declarou que iniciou “acções para mitigação de riscos e reparação” em 2019. Faltou explicar por que motivo, então, tantas famílias passaram a última semana expostas ao risco de colapso.

A Braskem tentou dividir a responsabilidade com as autoridades. Disse que a exploração de sal-gema foi sempre “fiscalizada pelos órgãos públicos competentes e com todas as licenças necessárias para a operação”. Mas não se vai livrar da responsabilidade, mesmo que seja possível acalmar os governantes. Nas últimas décadas, Alagoas foi comandada por alguns dos grupos políticos mais poderosos do país. A Braskem financiou campanhas de muitos desses clãs — incluindo Lira, Calheiros, Collor e Caldas.

A influência dos políticos pode acelerar um socorro tardio à capital, a custo de uma luta por protagonismo. Prefeitura e governo do estado, controlados por grupos diferentes, montaram gabinetes separados para lidar com a crise. Em entrevistas nos últimos dias, representantes concorriam para saber quem falava mais duramente contra a Braskem.

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Vista aérea da região STRINGER

Exclusivo PÚBLICO/Folha de S. Paulo

Nota do editor: o PÚBLICO alterou palavras e expressões que não são usadas em Portugal

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