FEP: Sete décadas a formar economistas abertos ao mundo

Augusto Santos Silva é um dos oradores em conferência sobre a relevância da multidisciplinaridade para a Economia, no dia 4, na Faculdade de Economia da Universidade do Porto.

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Professor Fernando Freire de Sousa
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A Economia não vive separada do presente. E um economista deve ter uma compreensão aberta do mundo para ser bem-sucedido na sua função. Este é um princípio basilar e estratégico da Faculdade de Economia do Porto (FEP), que este ano comemora 70 anos de actividade académica.

Quando surgiu, em 1953, ainda no edifício onde está hoje instalada a Reitoria da Universidade do Porto, a FEP apresentava um currículo que respondia às necessidades do tecido empresarial da região. “Pretendia formar os empresários, tinha cadeiras mais ligadas à prática, como Contabilidade ou Direito”, explica o Professor Fernando Freire de Sousa. Esta matriz interdisciplinar, que ainda agora é marca distintiva da FEP surgiu, portanto, “por razões utilitárias” primeiro, evoluindo, sobretudo no pós-25 Abril, “como um elemento estratégico, nomeadamente através da formação de um departamento de Ciências Sociais e Sociologia”. Aqui, destaca-se “o trabalho notável de uma grande figura da FEP, o Professor Madureira Pinto, que dinamizou com outros docentes uma actividade na área das Ciências Sociais, de História, História do Pensamento Económico, Sociologia”, descreve o Presidente da Comissão Organizadora dos 70 anos da FEP.

Uma mais-valia para o futuro

Estas sete décadas e o contributo da FEP para o tecido económico e social do país, tendo formado inúmeras gerações de líderes, estão a ser assinaladas com um ciclo de cinco conferências, iniciadas em Junho e que culminam em 2024. A terceira, que se realiza a 4 de Dezembro, a partir das 18h, no salão nobre da FEP, será dedicada precisamente à “Interdisciplinaridade e o Futuro da Universidade”.

“A universidade não pode viver em campos estanques. A Economia não vive separada do resto e a interdisciplinaridade é uma mais-valia” que, para o Professor Freire de Sousa, merecia ser homenageada no âmbito deste ciclo que celebra a FEP.

O Presidente da Assembleia da República é um dos palestrantes convidados para a conferência de 4 de Dezembro. Augusto Santos Silva, que é Professor Catedrático na FEP, “foi protagonista concreto da afirmação da Sociologia e das Ciências Sociais na Faculdade”, descreve Fernando Freire de Sousa.

Olga Pombo, professora jubilada da Universidade de Lisboa e reconhecida personalidade especialista em questões da interdisciplinaridade, será também oradora. “Tem um pensamento bastante desafiante sobre a necessidade desta interdisciplinaridade e a forma como a universidade não pode prescindir dela”, refere o também presidente do Conselho Geral da Universidade do Porto.

O painel conta ainda com o economista António M. Figueiredo, também docente na FEP e que “foi sempre um defensor desta relação entre a Economia e as Ciências Sociais”, e com o Juiz Conselheiro do Tribunal de Contas, Miguel Pestana de Vasconcelos, que somará a visão do Direito a este debate.

O Professor Fernando Freire de Sousa resume a relevância desta questão na formação dos futuros economistas recordando “um professor de Economia antigo que dizia que a economia se ensina com matemática, mas não como matemática. Para se ser um bom economista, capacitado para analisar a realidade que o envolve, precisa de se ir para além de uma leitura muito estrita, e para isso precisa da complexidade da Sociologia, da Antropologia, da Geografia, da História.”

Partilha entre antigos e actuais alunos

No âmbito das celebrações, assinalou-se também, em Novembro, a primeira aula dada na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, ainda em 1953. Nessa ocasião, José Roquette – a quem foi atribuído o Prémio Carreira FEP 2023 – teve ocasião de partilhar com os actuais alunos as histórias do primeiro curso de Economia, que frequentou desde 1953 até se licenciar em Economia, em 1958.

Até Maio haverá mais iniciativas que envolvem a comunidade da FEP. Em Fevereiro, a conferência com o Prémio Pritzker Eduardo Souto Moura vai dedicar-se à arquitectura do edifício que actualmente alberga a Faculdade e que fará, em 2024, cinquenta anos.

No encerramento deste ciclo, previsto para 31 de Maio, a Prémio Nobel da Economia de 2019, Esther Duflo, partilhará a sua reflexão sobre “A Pobreza no Mundo e a Busca de Sinais de Esperança”.