Copérnico mostra evolução do buraco na manta que protege a vida na Terra
O Buraco de Ozono Antárctico (AOH, na sigla em inglês) apareceu vários dias mais cedo do que o habitual e está a demorar um tempo invulgarmente longo a fechar.
"O Buraco de Ozono Antárctico (AOH) é um fenómeno atmosférico que ocorre no início da primavera austral e dura normalmente até ao final de Novembro, mas seguiu um padrão invulgar em 2023", refere a nota de imprensa divulgada esta sexta-feira pelo Serviço de Monitorização da Atmosfera do Copernico (CAMS).
A notícia foi divulgada na quinta-feira. O buraco de ozono sobre a Antárctida deste ano deve ser o maior de sempre em Dezembro, avançou o programa europeu de monitorização do clima Copérnico. Quando normalmente devia estar a reduzir-se até fechar, com a chegada do Verão Austral, que faz com que o Vórtice Polar abrande (ciclones persistentes de grande escala nos Pólos da Terra), a área do buraco de ozono aumentou de novo no fim de Outubro.
Desde então, mantém-se quase sem alterações, com cerca de 15 milhões de metros quadrados (m2), dizia um comunicado de imprensa do Copérnico. As alterações climáticas podem estar por trás disto, reconheciam os especialistas. No seu auge, o buraco de ozono de 2023 teve 26, 1 milhões de km2, o que fez dele o sexto maior desde que se iniciou a era dos satélites (que começou em 1979), configurando uma situação considerada “atípica”.
A visualização de dados divulgados esta sexta-feira, baseada nos dados do CAMS, mostra que a área do buraco de ozono antárctico no final de Novembro de 2023 era maior do que nos anos anteriores. O CAMS apoia os esforços internacionais para preservar a camada de ozono através da monitorização contínua e do fornecimento de dados sobre o estado actual da camada de ozono.
A camada de ozono é como uma manta que protege a vida na Terra de grande parte da radiação ultravioleta nociva que nos chega do Sol. A destruição desta camada foi provocada pela poluição de substâncias químicas usadas em sistemas de refrigeração e ar condicionado (CFC e HCFC), em sistemas de extinção de incêndios de aeronaves (halons), em certos pesticidas (CTC e brometo de metilo) e em sprays (CFC), como explica o site da Agência Portuguesa de Ambiente.
Mas julga-se que também as emissões de gases com efeito de estufa, além dos aerossóis emitidos pelos incêndios florestais e erupções vulcânicas, ou até alterações no ciclo solar, têm influência na destruição da camada de ozono, diz o Copérnico.