Festa do Jazz regressa a Belém, e começa a abrir-se à Europa

Até domingo, o festival lisboeta leva concertos ao Centro Cultural de Belém e outras actividades ao Museu dos Coches, estendendo-se com jam-sessions ao Bairro Alto.

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O trompetista franco-suíço Erik Truffaz abre a edição deste ano DR
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Completou 20 anos em 2022 e vai celebrar os 21 neste fim-de-semana prolongado com três dias de concertos, encontros, uma peça de teatro, uma masterclass e jam sessions. Trata-se da Festa do Jazz, que, de novo em Belém, para lá dos palcos do Centro Cultural de Belém (grande e pequeno auditório), estende as suas actividades ao Museu dos Coches (novo auditório e antigo Picadeiro Real) e, fora de Belém mas ainda em Lisboa, também à Casa do Comum do Bairro Alto (CCBA), com duas jam sessions.

Começa nesta sexta-feira, no CCB (21h), com o trompetista franco-suíço Erik Truffaz, em quarteto, e ali prossegue, no sábado, com Clara Lacerda Quinteto (16h30), João Paulo Esteves da Silva Trio (17h30), JAZZOPA (21h, com o anúncio dos Prémios RTP/Festa do Jazz e a apresentação do Seminário We Insist!) e o concerto da residência artística Decateto Porta-Jazz/Robalo com Hans Koller (22h30). No domingo, apresentam-se os Lokomotiv, a celebrar os seus 25 anos (16h30), Eduardo Cardinho SextetoNot far from Paradise (17h30), as NOUT (21h, incluindo a apresentação do Projecto Jazz Panorama) e, por fim, a encerrar o festival, a Orquestra Jazz de Matosinhos & Bernardo Tinoco (22h30).

As actividades no Museu dos Coches repartem-se por dois espaços. O antigo Picadeiro Real recebe, sábado e domingo, o Encontro Nacional de Escolas de Jazz (13h30 e 18h30, com entrada gratuita) e a peça de teatro Quem roubou o... Jazz! (11h e 19h, bilhetes entre cinco e dez euros). O novo auditório acolhe no domingo uma masterclass com John O’Gallagher (11h30, entrada gratuita) e a assembleia-geral da Rede Portuguesa de Jazz – Portugal Jazz.

O músico e compositor Carlos Martins, da Associação Sons da Lusofonia, ligado à Festa do Jazz desde o seu início, diz ao PÚBLICO que “há duas ou três coisas importantes” a destacar na edição deste ano, entre as quais o já habitual Encontro Nacional de Escolas, uma das marcas deste evento, e a abertura do festival à Europa, "com grupos como as NOUT, composto por mulheres (flauta, harpa e bateria, com ligações electrónicas), que ganharam um prémio europeu vocacionado para a vanguarda e para o novo jazz".

O terceiro ponto que sublinha é a "necessidade de trazer mais gente à festa". Para o efeito, a organização programou "uma peça de teatro para família, miúdos, escolas" e convidou a comunidade, o seu foco noutros projectos sociais, a vir ao concerto desta sexta-feira no Grande Auditório, onde provavelmente muitos nunca entraram e não entrarão tão cedo depois.” Esta ligação é essencial, diz Carlos Martins: “Do meu ponto de vista, o jazz faz lembrar um bocadinho a academia: afastou-se da rua, da vida. E a Festa do Jazz tem de ser um mediador entre a possibilidade de um jazz erudito e a necessidade de lhe dar mais vida, mais rua, públicos mais diversificados, de fazer pontes.”

Os projectos associados à festa terão também bom desenvolvimento, adianta: “A Rede Portuguesa de Jazz vai finalmente começar a funcionar e vai ter eleições, numa assembleia-geral durante a Festa do Jazz, porque foi na festa que foi criada. E finalmente vou deixar de ser presidente e começar a ser só um colaborador normal.”

Quanto ao projecto We Insist!, é agora apresentado e há-de voltar ao CCB, garante: “É um nome tirado do grande disco de música de intervenção afro-americana do Max Roach e é um programa europeu de inclusão através da música, que já passou por algumas cidades onde estivemos presentes (Barcelona, Paris, etc.). Conseguimos, através do CCB, que a última paragem deste projecto com financiamento da Europa Criativa seja Lisboa, nos dias 26 e 27 de Março de 2024.”

Por fim, o Jazz Panorama: “É um trabalho da Europe Jazz Network, que mapeia todo o jazz europeu e que permite que qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, aceda ao panorama de cada país: clubes, festivais, instituições, apoios, etc. Graças à Festa do Jazz, passou a existir o Jazz Panorama de Portugal. E com a ajuda da Imprensa Nacional – Casa da Moeda vamos ter o investigador Pedro Cravinho, responsável pelo arquivo de jazz inglês em Birmingham, a recolher 30 perfis potencialmente exportáveis da música improvisada portuguesa para associar o Jazz Panorama que está na Europe Jazz Network a Portugal, com informações sobre passado, presente e futuro dessas entidades, pessoas ou grupos, em português e em inglês.”

Os bilhetes para a primeira noite da Festa do Jazz são a 20 euros; os concertos de sábado e domingo no Pequeno Auditório variam entre 15 (tarde ou noite) e 20 euros (tarde e noite). As jam sessions no CCBA, que decorrerão no sábado e no domingo a partir das 22h30, são de entrada gratuita.

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