Buraco de ozono vai durar até Dezembro, e a culpa pode ser das alterações climáticas

Programa europeu de monitorização do clima traz más notícias sobre a manta que protege a Terra. No seu auge, o buraco de ozono de 2023 teve 26, 1 milhões de km2, é o sexto maior desde 1979.

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O buraco de ozono sobre a Antárctida está a prolongar-se mais do que era costume Deborah Zabarenko/REUTERS
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O buraco de ozono sobre a Antárctida deste ano deve ser o maior de sempre em Dezembro, avança o programa europeu de monitorização do clima Copérnico. Quando normalmente devia estar a reduzir-se até fechar, com a chegada do Verão Austral, que faz com que o Vórtice Polar abrande (ciclones persistentes de grande escala nos Pólos da Terra), a área do buraco de ozono aumentou de novo no fim de Outubro.

Desde então, mantém-se quase sem alterações, com cerca de 15 milhões de metros quadrados (m2), diz um comunicado de imprensa do Copérnico. As alterações climáticas podem estar por trás disto.

No seu auge, o buraco de ozono de 2023 teve 26, 1 milhões de km2, o que fez dele o sexto maior desde que se iniciou a era dos satélites (que começou em 1979), configurando uma situação considerada “atípica”.

A longevidade extra do buraco de ozono, até Dezembro, está em linha, na verdade, com o que se passou nos últimos três anos, diz o centro de investigação europeu. Todos estes três anos anteriores ficaram entre os 15 maiores buracos de ozono de sempre.

O comportamento recente do buraco de ozono sobre a Antárctida exige que se questione o impacto neste fenómeno do aquecimento global, que provoca alterações na química e dinâmica da estratosfera (camada da atmosfera entre os 12 e os 50 km acima da superfície terrestre), dizem os cientistas do Copérnico.

A manta que protege a vida na Terra

A camada de ozono é como uma manta que protege a vida na Terra de grande parte da radiação ultravioleta nociva que nos chega do Sol. A destruição desta camada foi provocada pela poluição de substâncias químicas usadas em sistemas de refrigeração e ar condicionado (CFC e HCFC), em sistemas de extinção de incêndios de aeronaves (halons), em certos pesticidas (CTC e brometo de metilo) e em sprays (CFC), como explica o site da Agência Portuguesa de Ambiente.

Mas julga-se que também as emissões de gases com efeito de estufa, além dos aerossóis emitidos pelos incêndios florestais e erupções vulcânicas, ou até alterações no ciclo solar, têm influência na destruição da camada de ozono, diz o Copérnico.

O facto de a estação do buraco de ozono se estar a prolongar pela terceira vez seguida, quando os químicos que provoca a destruição do ozono estão em curva descendente, graças ao Protocolo de Montreal, “sugere que podem existir factores em mudança na estratosfera do Pólo Sul”, salienta o comunicado.

É preciso haver mais investigação para perceber o quê, mas é provável que a resposta esteja na dinâmica da estratosfera e com o Vórtice Polar que se mantém relativamente forte, diz o Copérnico.

As temperaturas estão demasiado quentes para que se produzam nuvens atmosféricas, que facilitam a destruição química do ozono. Assim, é provável que o buraco na camada que protege a Terra da radiação solar prejudicial persista até que estes ventos ciclónicos abrandem, permitindo a chegada à estratosfera do Pólo Sul de mais ozono vindo das latitudes médias.