Presidente da República condecora Herman José com Ordem do Infante D. Henrique
Marcelo Rebelo de Sousa condecorou, no Palácio de Belém, o actor, apresentador e humorista pelos seus 50 anos de carreira.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou o humorista Herman José, pelos 50 anos de carreira, com o grau de grande-oficial da Ordem do Infante D. Henrique, informou esta terça-feira a Presidência da República, na página oficial.
Herman José, actor e humorista, faz 70 anos de vida e celebra 50 de percurso profissional em 2024, lembrou em entrevista à agência Lusa no passado mês de Outubro, quando a estreia de um dos seus maiores sucessos, o programa televisivo O Tal Canal da RTP, assinalou os 40 anos.
Embora considere ter começado a carreira de artista na escola alemã, onde se tornou "protagonista de todas as peças infantis", porque já se "destacava muito dos outros miúdos", como disse à Lusa, Herman José toma o início da carreira profissional - o momento em que ganhou "o primeiro cachê" em televisão - com a entrada num programa de Artur Agostinho, em Janeiro de 1974, onde chegou pela mão do músico e compositor Pedro Osório.
O sucesso não foi repentino. Mas quando "estava prestes a achar que não ia lado nenhum", Herman José foi convidado por Nicolau Breyner "para fazer o Feliz e Contente", em 1975, no programa Nicolau no País das Maravilhas, e então transformou-se, "do dia para a noite, de um jovem com bom aspecto e algum jeito, mas sem técnica nenhuma [...], numa vedeta".
A presença televisiva começou a intensificar-se. A colaboração com Nicolau Breyner permanecerá em Eu Show Nico, e a presença televisiva estender-se-á a séries e telefilmes como Espião nacionalizado, nosso, O amigo de Peniche e até mesmo a produções dramáticas como Cartas de amor de uma freira portuguesa e O homem que matou o diabo.
Mas é a participação em magazines como A Feira e Ligeiríssimo, com canções que, num apuro mais tardio, consolidariam personagens como Tony Silva e Serafim Saudade, que vai abrindo caminho ao actor.
Em 1980, inicia a participação semanal em O Passeio dos Alegres, de Júlio Isidro, onde Tony Silva se define de corpo e alma como "o criador de toda música Ró". Três anos mais tarde, em Outubro de 1983, Herman José estrearia O tal canal, o seu primeiro programa de humor em nome próprio, em televisão.
Depois, viriam Hermanias, Humor de perdição, Casino Royal, Herman enciclopédia, Parabéns, Crime na Pensão Estrelinha, a apresentação de concursos como Com a verdade m'enganas e Roda da sorte, na RTP, e personagens como José Estebes, Doutor Pinóquio, José Cortes, Maximiana, Diácono Remédios, além de Tony Silva e Serafim Saudade, que ganham dimensão e popularidade, depois de muitas delas terem definido a sua voz em programas que o humorista fizera na rádio, como A flor do éter e Rebéubéu, pardais ao ninho.
No percurso de Herman, houve também a televisão privada, com HermanSIC e a HoraH, na SIC, e a breve passagem pela TVI, em 2009, com o programa Nasci P'ra Cantar. O Tal Canal, porém, ficou na memória.
Na entrevista à Lusa, em Outubro, Herman José recordou que, com O Tal Canal foi a primeira vez "que alguém [em Portugal] escreveu um programa para si próprio". Além disso, foi feito "com uma honestidade e uma pureza e uma quase infantilidade, que marcaram a diferença".
Quarenta anos passados, Herman confessou sentir uma "imensa tranquilidade", como disse então à Lusa.
"Ainda estou na fase de olhar para o céu e ver o fogo-de-artifício, sabendo que as canas já caíram todas e que em breve o fogo começa a acabar aos bocadinhos (...) Eu vou fazer 70 anos e qualquer dia as coisas deixam de ser o que são, mas também não podemos estar a sofrer com o que há-de vir. Temos de parar, aproveitar o momento e deixarmo-nos deslumbrar pelo fogo-de-artifício, sem pensar sequer que estamos sujeitos a levar com uma cana na cabeça".
Em 1992, Herman José foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Mérito, pelo então Presidente da República Mário Soares.