Seis menores começam a ser julgados por assassínio de professor em França

Samuel Paty foi esfaqueado e decapitado por um checheno por ter mostrado as caricaturas de Maomé numa aula sobre liberdade de expressão. Crime aconteceu em 2020. Oito adultos vão a tribunal em 2024.

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O Presidente francês, Emmanuel Macron, no funeral do professor Samuel Paty, assassinado a 16 de Outubro de 2020 Francois Mori/EPA/POOL
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Começou esta terça-feira em Paris o julgamento de seis antigos estudantes num processo relacionado com o homicídio e decapitação de um professor de História num subúrbio de Paris em 2020. O julgamento, que decorre até 8 de Dezembro, será feito à porta fechada, de acordo com a imprensa francesa.

Cinco dos seis suspeitos são acusados de “associação criminosa com vista a violência agravada”, enquanto o sexto vai ser julgado por “calúnia”. O julgamento decorre num tribunal de menores pois todos os acusados eram menores na altura dos factos.

Os arguidos, que tinham entre 13 e 15 anos na altura da morte, terão feito acusações falsas e identificado o professor para ser morto.

Este não é ainda o processo principal relacionado com o assassínio e posterior decapitação, a 16 de Outubro de 2020, de Samuel Paty, professor de História e Geografia na escola Bois-d’Aulne, em Conflans-Saint-Honorine, de 47 anos. Oito adultos suspeitos só começarão a ser julgados no final de 2024.

Entre eles não estará o autor material do crime, Abdoullah Anzorov, um checheno de 18 anos que foi abatido a tiro pela polícia depois de ter esfaqueado e depois decapitado Samuel Paty.

A razão apontada para o crime está relacionada com o facto de o professor ter mostrado, numa aula sobre ética e liberdade de expressão, caricaturas do profeta Maomé publicados no jornal satírico Charlie Hebdo, cuja redacção foi alvo de um atentado terrorista pela sua publicação a 7 de Janeiro de 2015 que resultou em 11 mortos e 12 feridos.

O semanário satírico tinha voltado a publicar os desenhos de Maomé semanas antes de Paty os mostrar aos alunos.

Entre os seis agora julgados está uma rapariga que tinha 13 anos na altura e é considerada central no processo que desencadeou a morte do professor. É suspeita de “acusação falsa”, ao espalhar nas redes sociais que o professor pedira aos alunos muçulmanos para se identificarem e deixarem a aula antes de mostrar os desenhos.

O que o professor disse aos seus alunos foi que quem se sentisse ofendido pelos desenhos deveria olhar para outro lado.

A suspeita admitiu à polícia que nem sequer estava na sala de aula naquele dia, diz a imprensa francesa citando o processo.

O pai da suspeita é um dos arguidos do processo que se iniciará no final de 2024, acusado de publicar vídeos nas redes sociais a incitar a mobilização contra o professor.

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