Pepe “apto” para liderar FC Porto, Barcelona em clima de pseudocrise
Sérgio Conceição espera recuperar pilar da equipa (e também Zaidu) para discutir, na Catalunha, a qualificação para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões.
Um sempre incómodo quarto lugar no campeonato, a somar à surpreendente derrota frente ao Shakhtar, em Hamburgo, precipitaram o Barcelona — anfitrião, desta terça-feira (20h, TVI), do FC Porto na penúltima ronda da fase de grupos da Liga dos Campeões — num estado de alerta que os portistas não podem ignorar.
Em causa está o apuramento para os oitavos-de-final da competição milionária da UEFA, que poderá ser o segundo consecutivo de 17 presenças dos “dragões” na fase a eliminar no actual formato, com 31 edições.
Na capital da Catalunha, ainda com o Camp Nou fechado para obras, razão pela qual o encontro terá como palco o Olímpic Lluís Companys, percebe-se o desconforto de um “gigante” que fracassou à porta dos “oitavos” nos últimos dois anos e que acaba de perder para os “azuis e brancos” a liderança do Grupo H (com os mesmos pontos), bem como a antecipada qualificação, a exemplo do já conseguido por Bayern de Munique, Inter de Milão, Leipzig, Real Madrid, Manchester City e Real Sociedad.
E se a esta realidade juntarmos as exibições de Novembro, mês abalado pela derrota no “El Clásico” (ganho por Real Madrid... e Bellingham), percebe-se melhor a necessidade de Joan Laporta, líder do emblema “blaugrana”, oferecer publicamente um voto de confiança ao treinador Xavi Hernández e à equipa “culé”, que tarda a encontrar-se na La Liga, como ficou evidente no último empate com o Rayo Vallecano.
“Monstro” Pepe de volta
Será, portanto, num clima de inesperada crise catalã que o FC Porto terá de lidar com um adversário que tem, apesar de tudo, a vantagem de ter vencido no Estádio do Dragão e de continuar imbatível na presente edição, na cidade Condal.
A mesma equipa que, agora, se vê confrontada com a intromissão dos ucranianos do Shakhtar numa discussão que parecia estar confinada à península Ibérica. Ainda que os protagonistas insistam na tese de que os resultados de terceiros não interferem com o próprio desempenho, a verdade é que sensivelmente meia hora antes do início do Barcelona-FC Porto já será possível actualizar as contas do grupo, com espanhóis e portugueses à espera da primeira vitória do Antuérpia, o que permitiria — especialmente nos instantes finais — encarar de outra forma um possível empate no Olímpico de Montjuic... deixando a questão do primeiro lugar para mais tarde.
Só que nem Sérgio Conceição nem Xavi Hernández podem estar dependentes de um rasgo belga. No FC Porto, a melhor notícia parece ser a recuperação de Zaidu e, especialmente, do “capitão” Pepe, que pode reencontrar um emblema com que, amiúde, teve de lidar nos tempos de Real Madrid.
Aos 40 anos, Pepe transformou-se, frente ao Antuérpia, no futebolista mais velho a marcar na Champions, revelando uma vitalidade que pode ser crucial para este FC Porto, que viajou sem os lesionados Iván Marcano, Wendell e Gabriel Veron e sem o castigado David Carmo.
Mas Conceição alimentou a dúvida, dizendo não saber se estará pronto para nove minutos, quanto mais para 90. Mesmo tratando-se de “um monstro”, como explicou a uma jornalista espanhola interessada no contraste entre o veterano e Lamine Yamal, o mais jovem, com 16 anos.
Xavi conhece bem o internacional português e o espírito do “dragão” que o central personifica numa equipa que elogiou, sem perder de vista o grande objectivo de conseguir, já frente aos portistas, o “ponto de viragem” numa “noite mágica” em que espera poder confirmar a presença nos “oitavos”, independentemente das críticas e da desconfiança que admite existir quando se refugia no apoio de Laporta e Deco antes de dois compromissos vitais (segue-se o Atlético de Madrid, na liga) para o futuro do treinador.
Uma “pseudocrise” na perspectiva de Conceição, que só estranhou o resultado com o Shakhtar, pelo que está “à espera de um Barcelona fortíssimo”, que obrigará o FC Porto “a roçar a perfeição” e a precisar de “uma grande noite” para conquistar um triunfo e garantir o apuramento na liderança do grupo.