Missão em gruta dos Açores que simulou a Lua “abre portas” a viagens espaciais futuras
Os resultados da missão no interior de gruta da ilha Terceira vão ser publicados em livro.
Um grupo de cientistas concluiu esta terça-feira numa gruta da ilha Terceira uma missão de sete dias em ambiente extremo a simular o encontrado na Lua, que "abre portas" a futuras missões, segundo a comandante da missão.
Ana Pires, comandante da missão Camões e investigadora do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores Tecnologia e Ciência (INESC-TEC), disse aos jornalistas que a experiência na Gruta do Natal torna "possível explicar o que acontece em termos de fisiologia humana, que conforto se teve com os fatos e o que é necessário em termos de logística, como comida, higiene, trabalho de campo ou obter dados em tempo real".
Recolhidas amostras de rochas
O grupo de sete cientistas, de várias nacionalidades, procedeu à recolha de amostras de rochas e fez experiências com técnicas de armazenamento em gelo e congelação com azoto líquido.
"Para a parte da astrobiologia é importante ter as amostras bem conservadas", disse Ana Pires, adiantando que os resultados da missão vão ser publicados em livro.
Os investigadores criaram também um modelo a três dimensões da gruta "para se poder integrar todas as disciplinas e tudo o que se estudou", disse a comandante da missão que simulou viagem à Lua, que pretendeu também demonstrar as potencialidades dos Açores para experiências de simulação de ambientes extremos e estabelecer pontes com investigadores da Agência Espacial Europeia (ESA) e da agência espacial norte-americana NASA.
No exterior da gruta, uma equipa de especialistas em espeleologia, vulcanismo, microbiologia, geoquímica e medicina espacial actuou como controlo da missão, com a colaboração da associação Os Montanheiros (que gere a Gruta do Natal), da Protecção Civil dos Açores e da Cruz Vermelha.