O colapso da confiança e as boas práticas em democracia

Verifica-se uma necessidade de curto prazo de correcção de uma trajectória de degradação política e de combate aos fenómenos de corrupção, que se multiplicam ao mais alto nível do aparelho do Estado.

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Situações recorrentes de corrupção no espaço público, inultrapassáveis aos olhos dos cidadãos, configuram graves desvios institucionais que atropelam, por maioria de razão, o próprio código genético da democracia. O colapso da confiança nos titulares de cargos políticos e, consequentemente, nas instituições democráticas tem cristalizado a convicção de que “os líderes não somente são corruptos, mas também incapazes” – como Zygmunt Bauman alertava –, o que manifestamente tem alimentado posturas populistas de vários matizes, não raras vezes de sinal contrário. Um dos corolários preocupantes de tal estado de espírito, como sublinhava o mesmo autor, é o de que os cidadãos não acreditam no sistema democrático, porque “os líderes não cumprem as suas promessas”. Consideramos, pois, impreterível um muito maior rigor e transparência na afectação dos recursos financeiros em Portugal, pelo que se torna imperativo assegurar um combate sem tréguas à corrupção.

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