Guerra na Ucrânia. Combates em Avdiivka mais mortais do que em Bakhmut

O mês de Novembro, marcado pela batalha na cidade no Donbass, foi o que trouxe mais baixas para o lado russo. Turquia está a exportar material usado pela Rússia na guerra.

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Edifício destruído em Avdiivka Ed Ram
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Os combates em torno da cidade de Avdiivka, na província de Donetsk, foram dos mais violentos desde o início da invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia. A luta pelo controlo da localidade mantém-se, à medida que se aproxima o Inverno.

O Ministério da Defesa do Reino Unido considera “plausíveis” as alegações feitas pelo Estado-Maior das Forças Armadas ucranianas de que, durante o mês de Novembro, as forças russas perderam em média 931 militares por dia, a maioria dos quais durante os combates em torno de Avdiivka. Trata-se do número de baixas do lado russo mais elevado desde o início da invasão.

O mês mais mortal para o Exército russo foi Março de 2023, com um média de 776 baixas por dia, num período que coincidiu com a batalha em torno da cidade de Bakhmut, recorda o Ministério da Defesa britânico.

A Ucrânia não revela dados sobre as suas próprias baixas, mas é provável que a escala seja idêntica.

A batalha pelo controlo da cidade de Avdiivka, a cinco quilómetros de Donetsk, arrasta-se há mais de um mês e afigura-se como uma das mais sangrentas desde o início da invasão, em Fevereiro do ano passado. A cidade no Donbass é um dos pontos mais fortificados da linha da frente e é alvo de combates desde 2014, quando a Ucrânia combateu os grupos armados pró-russos que tomaram grande parte do Leste do país, com apoio de Moscovo.

Quando comparada com Bakhmut, alvo de uma batalha que durou meses e na qual os dois lados se desgastaram com grande intensidade, Avdiivka tem um valor estratégico superior. Para a Rússia, controlar esta cidade significa a criação de uma ponte terrestre entre outras localidades já ocupadas em Donetsk e, a partir daí, posicionar-se de forma mais vantajosa para a tomada de outras cidades, como Kostiantinivka, para alcançar o objectivo fixado pelo Kremlin de conquistar toda a província.

Para a Ucrânia, manter Avdiivka sob o seu controlo garante que o objectivo russo de ocupação da província do Donbass se mantém distante, ao mesmo tempo que força as tropas inimigas a concentrar um grande número de recursos num único local, desviando-os do Sudeste, por exemplo.

Os combates em Avdiivka, e também na aldeia de Robotine, continuam e, de acordo com o think-tank norte-americano Institute for the Study of War, as forças russas fizeram progressos durante o fim-de-semana. O Exército ucraniano disse que nos últimos dias foram feitos “mais de 150 ataques” por parte da Rússia contra posições próximas da cidade.

Os principais avanços russos foram feitos a partir de noroeste e sudeste de Avdiivka. Segundo Kiev, as forças russas lançaram “cerca de 20 tentativas para restaurar posições perdidas perto de Robotine, na região de Zaporijjia, mas não obtiveram quaisquer sucessos”. A aldeia de Robotine foi recapturada pela Ucrânia em Agosto, mas, desde então, o controlo sobre a localidade tem sido difícil de manter por causa dos constantes ataques russos.

Exportações turcas

O fluxo de exportações da Turquia para a Rússia está a causar preocupação aos aliados da Ucrânia. Nos primeiros nove meses deste ano, as exportações de 45 produtos considerados pelos EUA de “elevada prioridade” para o esforço de guerra para a Rússia e para países vizinhos totalizaram 158 milhões de dólares (144 milhões de euros), o que representa o triplo do que foi registado no mesmo período do ano anterior, segundo o Financial Times.

Entre os produtos analisados pelo diário britânico estão microchips, equipamento de comunicações e componentes usadas em miras telescópicas, e todos são objecto de mecanismos de controlo de exportações por parte dos EUA, da União Europeia e do Reino Unido, para impedir a sua entrada na Rússia.

O subsecretário do Departamento do Tesouro dos EUA, Brian Nelson, responsável pelas informações financeiras e de terrorismo, visita esta semana a Turquia para uma série de reuniões com o objectivo de discutir “esforços para prevenir, perturbar e investigar a actividade comercial e financeira que beneficie o esforço russo na sua guerra contra a Ucrânia”, segundo o FT.

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