A equipa RNF, na qual competiu o português Miguel Oliveira no Mundial que chegou ao fim no domingo, não tem contrato para correr na temporada de 2024 de MotoGP. A informação de uma eventual retirada do pelotão, que já circulava nos bastidores da modalidade, foi confirmada nesta segunda-feira pelos responsáveis pela competição.

"O Comité de Selecção de MotoGP, que integra membros da FIM [Federação Internacional de Motociclismo], da IRTA [associação de equipas] e da Dorna [organizador], decidiu não seleccionar a equipa CryptoDATA RNF para a temporada de 2024", lê-se num comunicado do MotoGP.

No mesmo documento, a decisão é justificada com "repetidas infracções e quebras do acordo de participação, que afectam a imagem pública do MotoGP". Isto depois de muito se ter especulado sobre as dificuldades financeiras que a equipa, que tinha a CryptoDATA como principal accionista e patrocinador, enfrentou ao longo da época. "O Comité de Selecção vai rever as candidaturas para uma nova equipa independente, que usará motores Aprilia, para se juntar à grelha de MotoGP em 2024", refere o organismo.

Miguel Oliveira mudou-se na temporada de 2023 para a equipa satélite da Aprilia, após ter corrido na KTM nas suas primeiras quatro temporadas no MotoGP, e, tal como o espanhol Raul Fernandez, tem contrato directamente com o fabricante italiano para 2024, o que significa que o seu lugar no pelotão para a próxima época não está em risco.

Resta saber, ao certo, em que contexto competitivo será encaixado o piloto português, depois de, há poucos dias, o presidente da Federação Internacional de Motociclismo (FIM), Jorge Viegas, ter dado a entender que potenciais alterações na estrutura da RNF poderiam favorecer Oliveira: "Sei que o Miguel no próximo ano vai ter a ferramenta para fazer bons resultados. A notícia [de a RNF se preparar para anunciar um ovo patrocinador] confirma-se. Vai haver um novo patrocinador e um novo proprietário também", afirmou à SportTV.

A vaga deixada em aberto pela equipa-satélite da Aprilia, segundo o site da especialidade Autosport, poderá agora vir a ser ocupada pela Trackhouse Racing, uma equipa norte-americana detida por Justin Marks e Armando Pérez que tem vindo, desde 2021, a cimentar a sua posição no universo do NASCAR.

A Trackhouse deverá, nos próximos dias, apresentar uma candidatura para ocupar os dois lugares na grelha de MotoGP em 2024, e fá-lo-á, ao que tudo indica, com o apoio e a chancela da fabricante Aprilia. No fundo, a intenção inicial da equipa americana era entrar nas pistas do motociclismo de velocidade em 2025, mas a saída de cena da RNF ofereceu-lhe uma oportunidade para antecipar esse cenário.