Madeira termo-modificada: o que é e para que serve?
A termo-modificação é um processo térmico aplicado na madeira sem adição de produtos químicos. Provoca alterações químicas na madeira que podem conferir maior durabilidade quando exposta no exterior.
A termo-modificação é realizada a altas temperaturas (entre 180 e 230 graus Celsius), com a adição de vapor de água para não provocar a combustão das madeiras No final do processo, a madeira fica com um aspeto “torrado”, ficando com uma cor mais escura e com um cheiro bastante característico.
Este processo de modificação pode ser utilizado em qualquer tipo de madeira, especialmente naquelas que são consideradas menos duráveis. Com o aumento da utilização de madeira termo-modificada em revestimento de edifícios, passadiços, decks, entre outros, é importante avaliar o seu comportamento quando está exposta em diferentes ambientes.
O objetivo do meu doutoramento é avaliar a resistência à degradação atmosférica de madeiras termo-modificadas. Estou a estudar três espécies de madeiras: pinheiro-bravo, freixo e acácia. Este trabalho é realizado em parceria com o Centro de Estudos Florestais (CEF) do Instituto Superior de Agronomia (ISA), da Universidade de Lisboa, o Laboratório de Materiais e Revestimentos (LMR) do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e as empresas Santos & Santos, e Parques de Sintra – Monte da Lua.
São avaliadas quais as alterações físicas, mecânicas, químicas e morfológicas que a termo-modificação provocou e, posteriormente, qual o seu comportamento quando expostas no exterior.
Dois anos a acompanhar madeiras
Madeiras naturais e termo-modificadas foram expostas em dois ambientes diferentes, urbano e marítimo/industrial. As madeiras naturais servem de controlo, pois só assim nos é permitido obter informação se a termo-modificação conferiu alguma melhoria na resistência à degradação atmosférica.
Todas estas madeiras foram acompanhadas ao longo de dois anos, em que foi avaliada a alteração da cor, que é um fator bastante importante na componente estética. Também foram avaliadas as alterações físicas, mecânicas, químicas e morfológicas. Compreender a degradação que ocorre ao longo do tempo poderá ajudar a prever o seu tempo de serviço.
Além de avaliar a durabilidade destas madeiras, também se estudou a viabilidade da utilização de outras espécies de madeira. Em Portugal as principais espécies utilizadas são o pinheiro-bravo e o pinheiro-silvestre. Com o aumento dos incêndios florestais, as populações destas duas espécies têm vindo a diminuir. Assim, têm-se procurado alternativas a estas duas espécies.
O freixo já tem vindo a ser utilizado na termo-modificação por ser considerado pouco durável e este processo confere-lhe boas características para estar exposto no exterior. A acácia, sendo uma espécie invasora, é cada vez mais abundante no território português devido aos próprios incêndios florestais, pois é uma forma de esta espécie se propagar. Tem-se promovido o abate das árvores adultas que posteriormente são encaminhadas para queima. Este trabalho pode promover a valorização desta espécie através do uso da sua madeira, mas não visa a promover a sua plantação.
A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico
Aluna de doutoramento em Engenharia Florestal e dos Recursos Naturais no Centro de Estudos Florestais do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa e Laboratório de Nacional Energia e Geologia