A fadiga das videochamadas tem um preço para o cérebro e o coração, diz estudo

A “fadiga do Zoom” pode ser real. Um estudo sugere que aulas online causaram mais cansaço e dificuldade de concentração do que as presenciais. É mais um sinal do impacto físico da tecnologia.

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Uma aula é transmitida online devido às restrições impostas durante a pandemia de covid-19 Loren Elliott
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Uma sessão no Zoom, FaceTime ou Microsoft Teams deixa-o esgotado e apático? Não é o único. Desde que a popularidade das videoconferências disparou com os primeiros dias da pandemia, em 2020, a utilização desta tecnologia também aumentou. O mesmo aconteceu com os relatos de um fenómeno a que alguns chamam "fadiga do Zoom" — um estado de exaustão único relatado por aqueles que se sentem esgotados após as videochamadas.

Agora, um estudo recente de monitorização do cérebro corrobora o fenómeno, encontrando uma ligação entre a videoconferência em contextos educativos e os sintomas físicos associados à fadiga. O estudo, publicado na revista Scientific Reports, procurou sinais fisiológicos de fadiga em 35 estudantes que assistiam a palestras sobre engenharia numa universidade austríaca. Metade da turma assistiu a uma aula de 50 minutos por videoconferência num laboratório próximo e a uma aula presencial na semana seguinte, enquanto a outra metade assistiu primeiro em pessoa e depois online.

Os participantes foram monitorizados com instrumentos de electroencefalograma (EEG) e electrocardiograma (ECG), que registaram a actividade eléctrica no cérebro e os seus ritmos cardíacos. Participaram também em inquéritos sobre o humor e níveis de fadiga.

Os investigadores procuraram alterações físicas correlacionadas com a fadiga mental, incluindo ondas cerebrais distintas, redução do ritmo cardíaco e indícios de que o sistema nervoso poderia estar a tentar compensar a exaustão crescente durante a palestra. E confirmaram que houve diferenças "notáveis" entre os grupos presenciais e online.

O cansaço dos participantes no vídeo aumentou ao longo da sessão e os seus estados cerebrais mostraram que estavam a esforçar-se para prestar atenção. O estado de espírito dos grupos também variava, com os participantes presenciais a dizerem que se sentiam mais animados, mais felizes e mais activos, e os participantes online a dizerem que se sentiam cansados, sonolentos e "fartos".

De um modo geral, escrevem os investigadores, o estudo oferece provas do impacto físico da videoconferência e sugere que esta "deve ser considerada como um complemento da interacção cara a cara, mas não como um substituto". Os investigadores afirmam que a investigação deve ser reproduzida em ambientes empresariais e em casa para se ter uma noção mais exacta de como essas sessões afectam os participantes, apelando a novos estudos, que incluam mais partes do cérebro e uma base de participantes mais ampla.

A investigação foi realizada no âmbito do projecto Technostress in Organizations, financiado pela Áustria e dedicado à recolha de provas concretas sobre o modo como a tecnologia afecta o corpo e o cérebro humanos. Outros estudos publicados no decurso do projecto abordaram as "desintoxicações digitais", as interrupções no local de trabalho e a utilização das redes sociais.

Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

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