Zelensky pede mais sistemas de defesa antiaérea aos aliados da Ucrânia

Presidente ucraniano assume “défice” na capacidade defensiva aérea do país, no dia em que a Rússia lançou ataque de larga escala com drones sobre Kiev.

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Presidente ucraniano (ao centro) foi o protagonista de uma cimeira internacional dedicada à exportação de cereais ucranianos EPA/SERGEY DOLZHENKO
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Volodymyr Zelensky pediu este sábado aos seus aliados ocidentais para fornecerem mais sistemas de defesa antiaérea à Ucrânia, assumindo que a capacidade defensiva do país invadido pela Rússia nessa vertente é, actualmente, “deficitária”.

O Presidente ucraniano diz que aquele tipo de armamento defensivo é necessário não só para proteger as rotas de exportação de cereais, mas também para monitorizar as regiões ucranianas junto à fronteira com a Federação Russa.

O apelo de Zelensky foi feito durante a cimeira “Grain from Ukraine” (“Cereais da Ucrânia), um evento realizado em Kiev, de consciencialização da comunidade internacional para a importância de a Ucrânia ter condições objectivas para continuar a exportar cereais através dos seus portos no mar Negro e de outras vias.

Horas antes da cimeira, as autoridades ucranianas denunciaram um ataque russo com mais de 70 drones iranianos Shahed, que teve como principal alvo a capital, e que foi descrito pelo Governo ucraniano como o “maior ataque” com veículos aéreos não-tripulados (UAV, sigla em inglês) desde o início da invasão russa do território, em Fevereiro do ano passado.

A Força Aérea ucraniana garante que abateu 71 drones e um míssil e o presidente da câmara de Kiev, Vitalii Klitschko, disse que pelo menos cinco pessoas ficaram feridas por causa do ataque, incluindo uma criança de 11 anos. Segundo o autarca, entre os edifícios atingidos e danificados pelos UAV está uma creche.

Zelensky salientou que o ataque ocorreu nas primeiras horas do dia em que os ucranianos recordam o Holodomor (1932-1933), período em que vários milhões de pessoas morreram à fome quando o país fazia parte da União Soviética.

“Existe um défice na nossa defesa aérea. Não é nenhum segredo”, admitiu o Presidente ucraniano, durante a sua intervenção numa cimeira que contou com a presença do Presidente da Lituânia, Edgars Rinkevics, da primeira-ministra da Lituânia, Ingrida Simonyte, e do Presidente da Suíça, Alain Berset.

Na sequência da retirada do Kremlin, em Julho, do acordo de exportação de cereais ucranianos, mediado pelas Nações Unidas, a Ucrânia só tem conseguido fazer escoar aquele produto através de corredores únicos, a partir dos seus portos na região de Odessa, no mar Negro.

“Existem determinados sistemas de defesa aérea (…) [e] estamos a solicitá-los”, afirmou chefe de Estado ucraniano. “Já recebemos uma resposta sobre quando esses sistemas poderão começar a proteger essa região [Odessa]. Ali, tanto o corredor como as populações são importantes.”

Zelensky disse ainda que o seu Governo conseguiu “acordos com vários países” para ajudar a proteger os navios de cereais no mar Negro, mas que versam apenas sobre acompanhamento dos carregamentos com meios marítimos.

No comunicado conjunto da cimeira, publicado pela presidência ucraniana, os participantes no evento sublinharam a importância da exportação de cereais do país invadido pela Rússia para toda a cadeia de abastecimento mundial.

“Acreditamos firmemente que a ameaça ao abastecimento global de alimentos não deve ser usada como arma de guerra e recordamos que fazer civis passarem fome, como táctica de guerra, é proibido”, lê-se na declaração. “Os países que comprometem a segurança alimentar devem enfrentar consequências internacionais imediatas.”

Questionado, durante uma conferência de imprensa, sobre o facto de os protestos de camionistas nas vizinhas Polónia e Eslováquia estarem a impedir a entrada de cereais na União Europeia, Zelensky não deixou de apontar o dedo às decisões políticas dos dirigentes desses países.

“As dificuldades na fronteira devem-se, sobretudo, a certas medidas políticas tomadas pelos nossos vizinhos”, lamentou o Presidente ucraniano.

Pelo menos cinco Estados-membros (Polónia, Hungria, Eslováquia, Roménia e Bulgária) têm vindo a opor-se e a criar obstáculos aos chamados “corredores de solidariedade”, criados pela Comissão, para o transporte da produção agrícola ucraniana através da União Europeia, sem tarifas de importação, em resposta ao bloqueio russo dos portos ucranianos do mar Negro.

Os governos destes países dizem que a medida está a criar uma situação de superabundância de cereais nos seus mercados, causada por uma incapacidade logística de distribuição, agravada pela descida dos preços dos bens agrícolas nacionais.

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