José Luís Carneiro insiste em debates entre candidatos para abordar política externa

Daniel Adrião também desafiou os adversários, mas apenas Pedro Nuno Santos continua a recusar estes embates, alegando não querer dar argumentos à direita.

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José Luís Carneiro reuniu com especialistas sobre segurança e defesa para preparar a sua moção LUSA/CARLOS BARROSO

O candidato à liderança do PS José Luís Carneiro insistiu nesta sexta-feira na realização de debates com os seus adversários socialistas para discutir temas como a política externa portuguesa e as guerras na Ucrânia e Médio Oriente.

"O debate não apenas contribui para qualificar a vida democrática, mas também para ganharmos a confiança dos portugueses, porque é por intermédio do debate que se conhecem as posições dos candidatos. Por exemplo, esta posição sobre o modo como Portugal se posicionará em relação à guerra na Ucrânia e em relação à guerra no Médio Oriente é muito importante", defendeu o também ministro da Administração Interna.

O socialista insistiu na realização de debates públicos entre si e os restantes candidatos - ideia já rejeitada por Pedro Nuno Santos, alegando não querer "dar argumentos à direita" - e realçou que "sempre que houve debates entre candidatos do PS, o candidato ganhador [internamente] venceu as eleições legislativas", dando como exemplos as disputas pela liderança socialista entre António Guterres e Jorge Sampaio ou António Costa e António José Seguro.

José Luís Carneiro esteve reunido com independentes das áreas das relações internacionais, segurança e defesa para agregar contributos para a sua moção de orientação política, entre eles, o antigo ministro da Defesa e da Administração Interna Nuno Severiano Teixeira e o embaixador Francisco Seixas da Costa. Em declarações aos jornalistas salientou que "desde Mário Soares e do primeiro Governo constitucional" que foram assumidas três prioridades para a política externa portuguesa: os compromissos com a Aliança Atlântica, com a União Europeia e as relações com os países de língua oficial portuguesa.

"É muito importante que possamos garantir aos portugueses - e é isso que garante a minha candidatura - confiança, segurança e estabilidade nos compromissos que Portugal sempre teve com os seus parceiros, quer com os europeus, quer os atlânticos, bem como os nossos parceiros de língua portuguesa", sublinhou.

Sobre as guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, José Luís Carneiro defendeu que tem posições claras. "Na Ucrânia temos que continuar a ser um suporte à União Europeia e a participar activamente na defesa da Ucrânia em relação a uma agressão de que foi vítima. Quanto ao Médio Oriente, defendo um cessar-fogo imediato que dê lugar às negociações de paz em defesa do princípio de dois estados", disse.

"Portanto, tenho posições claras nestas matérias e é importante conhecer quais são as posições daqueles que se habilitam às funções de secretário-geral do PS. Porque quem for secretário-geral do PS, habilita-se a ser o primeiro-ministro do país e, por isso mesmo, se deve clarificar essas matérias", frisou.

Em declarações aos jornalistas, o ex-ministro Nuno Severiano Teixeira salientou que não é militante do PS, não tendo direito de voto nas eleições internas dos socialistas. "Mas como cidadão sei o que o país precisa e quem melhor pode ganhar o país. E, sem dúvida nenhuma, o doutor José Luís Carneiro é, entre os vários candidatos, aquele que tem condições políticas e pessoais para vir a desempenhar esses cargos", considerou.

Também o embaixador Francisco Seixas da Costa sublinhou que o PS tem sido, "ao longo dos últimos 50 anos, o partido que marcou a matriz do posicionamento de Portugal na Europa", considerando que estes aspectos não têm sido sublinhados durante a campanha interna e que José Luís Carneiro "tem feito esse esforço".

Já a especialista em Relações Internacionais Sónia Sénica elogiou o facto de a academia ter sido auscultada neste encontro, o que "mostra um enorme sentido de Estado".

Daniel Adrião quer debates "em pé de igualdade"

Entretanto, também o candidato Daniel Adrião quer debater com os outros dois concorrentes e foi isso mesmo que lhes propôs, por escrito. Adrião, dirigente da linha de oposição a António Costa, disponibilizou-se para participar em debates que sejam promovidos pelas estruturas do partido ou pela comunicação social, e que se realizem "em pé de igualdade". Porque é isso que mandam as "regras e as boas práticas democráticas, socialistas e republicanas", escreve nas mensagens que enviou a Carneiro e a Pedro Nuno.

Esta advertência vem na sequência do facto de habitualmente se considerar que os dois principais candidatos são José Luís Carneiro e Pedro Nuno Santos e se deixar Daniel Adrião de fora, como aconteceu nesta semana com as entrevistas de quase uma hora da CNN Portugal.

Daniel Adrião diz desejar que as eleições internas "decorram num clima de debate intenso, profícuo e elevado, com lisura de processos e escrupuloso respeito pelas regras democráticas, princípios tão caros à história" do PS. "Estamos perante um momento alto da vida interna do Partido Socialista, sob observação atenta do país, em circunstâncias que não desejávamos e que nos colocam uma responsabilidade e exigência acrescidas", acrescenta, defendendo ser "fundamental" dar aos militantes, mas também aos eleitores em geral, "o maior esclarecimento sobre as ideias, propostas e soluções para o Partido Socialista e para Portugal".

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