É conhecido por Chullage, nome com o qual se tornou uma referência do hip hop português, mas Nuno Santos é também Xullaji e Prétu, nomes que são afirmações de africanidade. Xei di Kor, o primeiro álbum enquanto Prétu, é um impressionante gesto artístico, arrojada obra de intervenção, criação de um artista total.

Encontrámo-lo na Arrentela, Seixal, na Margem Sul do Tejo. A dois passos de sua casa, está a sede dos Peles Negras Máscaras Negras, grupo de teatro que se tornou parte do universo criativo em expansão do rapper (onde cabe música, vídeo, teatro e activismo).

 
           
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Falámos com ele entre livros e discos, padrões coloridos de tradição africana e posters das lutas pela libertação do jugo colonial dos anos 1960 e 1970 e de espectáculos e manifestações de hoje. A luta é contínua: passado e presente, mil vozes confluem na arte e acção de Chullage em 2023.

"A imagem e o som activam sensores diferentes. É esse o meu estudo. Nos últimos anos, em que as pessoas achavam que estava parado, estava a estudar outras formas de me poder expressar", afirmou Prétu na conversa com o Mário Lopes. As fotografias são do Nuno Ferreira Santos.

É um dos melhores rappers de sempre e só quer tocar flauta. Como? Sim, é de André 3000 que falamos e de New Blue Sun, o primeiro álbum a solo de metade dos OutKast. Muitos esperavam este álbum, mas não podiam adivinhar que André 3000 fizesse um disco sem rimas, um disco jazz e new age, espiritual, experimental. Rodrigo Nogueira conta a história.

Nesta edição, destacamos dois dos melhores livros de não ficção do ano editados em Portugal. Como escreve António Araújo, 2023 tem sido marcado pela edição de várias obras de investigação histórica de grande fulgor. A Hora dos Lobos, de Harald Jähner, é disso exemplo: é um retrato esmagador da Alemanha do pós-guerra, entre sexo e escombros.

O Mundo Livre é outro desses livros. O autor, Louis Menand, também olha para o mundo saído da II Guerra Mundial, mas o olhar é mais largo, panorâmico, abarcando o mundo que se afirmava "livre". O rock de Elvis Presley e outras formas de cultura popular, mas também a arte experimental de Jackson Pollock e John Cage, todos beneficiaram da liberdade concedida e estimulada pelos EUA num contexto de Guerra Fria e de competição ideológica. "Que produtos influenciaram as pessoas noutros países e as atraíram para a cultura americana? O rock and roll, a pop art e a literatura beat", disse Louis Menand na conversa com Isabel Lucas, em Lisboa.

Num regresso à Costa do Marfim, a coreógrafa Nadia Beugré foi à procura dos corpos trans que se afirmam em Prophétique — On Est Déjà Né.es. Esta sexta e sábado na Culturgest e programada pelo Alkantara, a peça de dança evoca os cabeleireiros e os bares de Abidjan, e vai da invisibilidade à liberdade. Gonçalo Frota viu-a em Toulouse e conversou com Beugré.

Também nesta edição:

Boas leituras!


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