Vespa-asiática causa quebra de 35% na produção de mel no Norte e Centro do país

Especialistas dizem que será impossível acabar com vespa-asiática e responsáveis dizem que é urgente destruir ninhos e controlar a propagação da espécie.

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A vespa-asiática é um insecto predador de abelhas. Na imagem, um apicultor em Telhadela, Albergaria-a-Velha, um apicultor tenta minimizar o impacto da vespa nas abelhas e na produção de mel NELSON GARRIDO/ARQUIVO

O presidente da Federação Nacional de Apicultores de Portugal (FNAP) disse na quinta-feira que a produção de mel no Norte e Centro do país sofreu uma quebra superior a 35% nos últimos anos, devida à praga da vespa asiática.

"A federação tem 45 associados e um total de 700 mil colmeias a nível nacional. As zonas de maior pressão da vespa asiática são o Norte e Centro do país. Nestas zonas, cerca de 200 mil colmeias que produziam, em média, 12 quilogramas de mel por ano estão, actualmente, a produzir entre quatro e cinco quilogramas", alertou Manuel Gonçalves.

O responsável, que falava à agência Lusa à margem do fórum transfronteiriço Controlo da vespa velutina nos ecossistemas do Alto Minho, em Ponte de Lima, disse que a destruição de ninhos e a eliminação das vespas asiáticas fundadoras é, actualmente, a "solução para minimizar" os prejuízos que os apicultores estão a sofrer.

"É uma actividade económica que está a sofrer um prejuízo muito grande, superior a 35% da produção e com custos para manter efectivos", realçou o responsável.

Segundo Manuel Gonçalves, a "investigação" em curso aponta para várias possibilidades, como a criação de um alimento selectivo que elimine as vespas asiáticas ou a esterilização, como se faz com outros insectos. "A investigação está a ser bem-feita. Não temos os resultados que esperávamos já", referiu.

O presidente da FNAP admitiu que será muito difícil erradicar a praga de vespa asiática. Daí a aposta em "reduzir" a sua propagação "para não causar os prejuízos que está a causar ao sector apícola".

"É preciso, para manter a actividade viva, minimizar as perdas que vêm aumentando de ano para ano com esta espécie invasora. É preciso monitorizá-la e capturar as fundadoras. São acções que obrigatoriamente têm de ser feitas", alertou.

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Combate ao insecto no Alto Minho

O presidente da Associação Apícola de Entre Minho e Lima (APIMIL) revelou na quarta-feira que, entre 1 de Fevereiro e 30 de Abril, foram eliminadas 40.600 vespas asiáticas fundadoras, com capacidade para criar outros tantos ninhos, em 146 locais do Alto Minho.

Alberto Dias explicou que a operação de destruição das 40.600 vespas fundadoras foi realizada através da instalação de 300 armadilhas em 146 locais de pesquisa nos 10 concelhos do distrito de Viana do Castelo.

O responsável sublinhou que, se aquelas vespas predadoras não tivessem sido destruídas, a região passaria a ter mais 40.600 ninhos, sendo que cada um alberga cerca de duas mil vespas obreiras.

"O número de vespas fundadoras destruídas é muito superior ao que imaginávamos e dá uma boa imagem da presença da vespa asiática no Alto Minho" sublinhou Alberto Dias.

A APIMIL tem 200 associados que operam em 70% das 20 mil colmeias registadas nos 10 concelhos do distrito de Viana do Castelo.

Natural das regiões tropicais e subtropicais do norte da Índia ao leste da China, Indochina e ao arquipélago da Indonésia, a espécie entrou na Europa através do porto de Bordéus, em França, em 2004. Os primeiros indícios da presença da vespa velutina no distrito de Viana do Castelo surgiram em 2011, mas a situação começou a agravar-se a partir do final do ano seguinte.

A praga começa a ser visível na primavera. Os ninhos começam por ter o tamanho de uma bola de pingue-pongue, já em Maio passam a ter a dimensão de uma bola de futebol e, depois, transformam-se num cesto que pode ter mais um metro de altura e 80 centímetros de largura.