Chega e IL elogiam procuradora-geral. PCP, BE e PAN pedem mais esclarecimentos

Sem comentar directamente as declarações da procuradora-geral, Pedro Nuno Santos disse esperar “que o processo tenha um desfecho o mais rápido possível”.

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Lucília Gago, procuradora-geral da República Nuno Ferreira Santos
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Depois de a procuradora-geral da República ter quebrado nesta quinta-feira o silêncio sobre a investigação judicial que levou à demissão do primeiro-ministro, o Chega e a Iniciativa Liberal (IL) elogiaram Lucília Gago pela clarificação que fez e atiraram as críticas que têm sido feitas à Procuradoria-Geral da República (PGR) por não prestar esclarecimentos para cima do primeiro-ministro e do Governo. Já o PCP, o BE e o PAN insistiram em pedir explicações ao poder judicial sobre o processo.

Falando aos jornalistas no Parlamento, o presidente do Chega, André Ventura, saudou a procuradora-geral por ter clarificado as razões que levaram a PGR a incluir no comunicado sobre a Operação Influencer o parágrafo que envolvia o primeiro-ministro na investigação. Isto é, que “havia suspeitas” e que “as suspeitas têm obrigatoriamente de correr no Supremo Tribunal de Justiça”.

O líder do partido admitiu que ficou por explicar porque é que o “despacho do juiz de instrução — que mandou libertar os arguidos e considerou que as suspeitas sobre Costa eram pouco fundamentadas — foi tão diferenciado do que era pedido pelo Ministério Público (MP). Mas centrou-se em concordar com a ideia de que Lucília Gago “não provocou a demissão” de António Costa (como a própria vincou), defendendo que “não podia ocultar que havia uma investigação”.

Questionado pelos jornalistas sobre se estes esclarecimentos já deviam ter sido dados pela procuradora, Ventura assentiu que quanto mais rápido, melhor, mas defendeu que deviam derivar do Governo, que, ao invés, quis deixar no ar que o MP podia estar em cabala contra o executivo.

O mesmo defendeu o líder da IL. Em declarações transmitidas pela RTP3, numa visita à Games Week da FIL, Rui Rocha argumentou que a única explicação que fica a faltar é a do primeiro-ministro sobre se pediu ao Presidente da República para se reunir com a procuradora-geral no dia em que se iniciariam as buscas, e porquê.

Quanto às declarações da responsável pela PGR, o liberal considerou que disse o essencial e que se focou no que é importante" num momento em que tem havido uma tentativa de desviar as atenções por parte do primeiro-ministro e de outros socialistas ao colocarem o peso da demissão no parágrafo" final do comunicado. Para Rocha, trata-se, como disse Lucília Gago, "de uma questão de transparência.

BE diz que procuradora esclareceu "pouco"

A coordenadora do Bloco de Esquerda, por outro lado, referiu que "as declarações da senhora procuradora-Geral acrescentam pouco face ao comunicado", mas disse acreditar que "haverá outras oportunidades para que esses esclarecimentos relativamente às suspeitas possam ser dados". "Era importante que o país pudesse ficar a saber os contornos das suspeitas que levaram à demissão do primeiro-ministro", afirmou Mariana Mortágua, a partir da sede nacional do BE, citada pela Lusa.

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, também citado pela Lusa, exigiu uma "rápida clarificação e o apuramento de todas as responsabilidades com todas as consequências que daí decorram", num comício do partido. E insurgiu-se contra aqueles que falam de promiscuidade entre o poder económico e político, mas não do "maior foco de corrupção: o centro das negociatas que foram e são as privatizações".

O PAN considerou que os esclarecimentos da procuradora-geral da República “ficaram aquém”, já que ficou por “explicar se o erro material que ocorreu no processo” relativo à troca de nomes entre o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro da Economia, António Costa Silva, está relacionado com “a falta de meios do Ministério Público”.

Há aqui uma questão de credibilidade e legitimidade política [do primeiro-ministro] que tem gravidade. É importante que este erro seja cabalmente esclarecido, defendeu Inês Sousa Real na Assembleia da República.

A porta-voz do PAN argumentou ainda que existe um problema grave de comunicação do poder judicial, pedindo um maior escrutínio do mesmo e que aquele passe a estar mais próximo dos cidadãos. Era essencial que quando existem processos desta natureza, o Ministério Público, e não só o poder político, se habituasse a comunicar directamente com os cidadãos" ao invés de divulgar meros comunicados escritos, declarou.

A procuradora-geral da República rejeitou nesta quinta-feira ter responsabilidade na demissão de António Costa e justificou que o parágrafo final no comunicado acerca da Operação Influencer apenas expunha “com transparência aquilo que estava em causa no contexto da investigação”.

Questionado pelos jornalistas sobre as declarações da procuradora-geral, Pedro Nuno Santos disse não ter "nenhum comentário a fazer", mas defendeu ser importante que o processo tenha um desfecho o mais rápido possível” porque “quanto mais depressa pudermos ter um desfecho, melhor para todos”.

Notícia actualizada às 19h22 com mais declarações e novo título

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