Em Hong Kong, há uma matiné com idosos para combater a solidão
O projecto surgiu em Julho e transformou um dos centros comunitários da cidade numa discoteca que abre durante a tarde. Uma vez por semana, 30 idosos juntam-se para dançar e conviver.
Em Hong Kong há mais idosos do que jovens. Muitos idosos vivem sozinhos, o que faz crescer o sentimento de solidão e isolamento social. Durante a pandemia, o problema agravou-se e, três anos depois, ainda há quem não queira ou mostre relutância em sair de casa. O projecto Noon-D que, em português significa algo como "discoteca da tarde", quer acabar com isso.
O ponto de encontro é num centro comunitário da cidade que, uma vez por semana, junta idosos que gostam de dançar e conviver. Neste momento, são 30 as pessoas que frequentam a discoteca. Polly Chan, 71 anos, é um deles.
Em declarações à agência AP, citadas pelo jornal Barron's, o homem conta que frequenta discotecas e espaços nocturnos desde a adolescência — diz ter um espírito “rebelde” —, mas não consegue falar com a família sobre a infelicidade que sente. A pista de dança, defende, é a melhor cura.
“Não tenho muitas pessoas com quem conversar. Quando danço, sinto-me muito aliviado”, revelou.
A matiné está a funcionar desde Julho e surgiu depois de alguns workshops com os idosos de Hong Kong quando a cidade decretou o fim do confinamento. Por enquanto, é um projecto-piloto que recria o ambiente de uma discoteca, decorando o centro com luzes e bolas de espelhos.
Lai Sim-fong, curadora do projecto, explica que a discoteca da tarde só satisfaz parte das necessidades de socialização da população idosa desta cidade que, muitas vezes, acaba por se sentir invisível.
O testemunho vem reforçar os resultados de um inquérito feito pela Universidade de Hong Kong em 2022. Segundo o jornal norte-americano, dos quase cinco mil idosos que participaram, um terço sofria de depressão, ansiedade e solidão.