Alstom vai despedir e vender activos, mas mantém objectivos para Portugal

Multinacional francesa vai despedir 1500 trabalhadores, mas prometeu instalar uma fábrica em Matosinhos com 300 postos de trabalho.

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Alstom é a segunda maior fabricante de comboios do mundo Philippe Wojazer
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Ainda a digerir a compra da Bombardier, a Alstom depara-se com problemas de tesouraria e uma queda do valor das suas acções em bolsa, o que levou à adopção de uma estratégia que passa pela venda de activos e pela eliminação de 1500 postos de trabalho.

Em comunicado, o grupo anuncia que já iniciou um programa de venda de activos entre 500 milhões a mil milhões de euros e refere que os 1500 despedimentos afectarão apenas as áreas administrativas e comerciais. Embora relevante em termos absolutos, esta redução da mão-de-obra representa apenas 1,9% dos seus 80 mil trabalhadores espalhados pelo mundo.

As dificuldades do grupo prendem-se ainda com a compra da canadiana Bombardier, em 2021, fazendo desta multinacional francesa a segunda maior fabricante de comboios do mundo, logo a seguir ao grupo estatal chinês CRRC.

A Alstom ficou em primeiro lugar no concurso da CP para a compra de 117 comboios regionais e suburbanos. Indo ao encontro das exigências do caderno de encargos – que valoriza a incorporação nacional na produção dos comboios –, o grupo francês compromete-se a investir numa fábrica em Matosinhos e numa oficina em Guifões, criando 300 postos de trabalho directos.

A presente crise de tesouraria e o emagrecimento parecem, contudo, não ter implicações nessas intenções para Portugal. Um porta-voz da Alstom disse ao PÚBLICO que “os planos divulgados aquando da comunicação dos resultados não afectam os compromissos assumidos pela empresa com os seus clientes, nem as suas capacidades produtivas. Os objectivos da Alstom de crescimento em Portugal mantêm-se inalterados”.

Há um ano, a Alstom inaugurou na Maia um centro de investigação e engenharia, tendo o seu director-geral para Portugal, David Torres, anunciado que seguir-se-ia uma unidade de manutenção e reparação de componentes de sinalização ferroviária e de equipamentos de comboios.

Quanto ao concurso da CP, o relatório final, que deverá confirmar aquele grupo como vencedor e que deveria ter saído em Agosto, ainda não viu a luz do dia. Os outros dois concorrentes – os suíços da Stadler e os espanhóis da CAF – contestaram, de forma muito detalhada, a decisão do júri de atribuir o primeiro lugar à Alstom e há a expectativa de que o concurso acabe na esfera judicial.

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