Para acabar com a solidão, esta cidade sueca incentiva os habitantes a dizer “olá”

Os habitantes de Luleå não têm o hábito de se cumprimentarem nem de conversarem. Além de acabar com o isolamento social, a campanha quer atrair novas pessoas para a cidade.

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Dizer "olá" é uma forma de combater a solidão na cidade sueca DR
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A cidade de Luleå​ é uma das maiores da Suécia, tem cerca de 80 mil habitantes, mas é também das zonas do país onde o isolamento social é maior. Com passar do tempo, a falta de conversas entre vizinhos tornou-se num hábito, mas há agora uma campanha para mudar isso.

Sag Hej ("diz olá", em tradução livre) começou no dia 31 de Outubro e a data foi escolhida de propósito: além de ser Halloween, na Suécia, é também dia do vizinho.

“Dizer olá deixa as pessoas confortáveis ​​e seguras, é algo que todos podemos fazer para criar uma Luleå​ mais agradável. O seu olá pode fazer a diferença, lê-se no site da câmara municipal.

A ideia partiu de Asa Koski, responsável pelas redes sociais da autarquia, que decidiu fazer um vídeo com três desconhecidos que se cumprimentam com um “olá”. Os primeiros segundos mostram um homem a cumprimentar uma mulher que responde com um sorriso. Depois, é essa mulher que vai dizer olá a outra pessoa. O vídeo está a ser mostrado em escolas, autocarros e espaços públicos.

Apesar de a campanha estar a ser bem recebida pela população, parte da razão do isolamento social é a localização da cidade. Luleå​ fica tão a norte que, durante o Inverno, só existem três horas de sol por dia, o que dificulta as conversas cara a cara. Nas restantes estações do ano, os vizinhos também não se costumam cumprimentar e quando o fazem, escreve a BBC, as conversas são tão escassas que um simples “sim” é, muitas vezes, substituído por um inspirar longo.

Asa explica que, além de tornar a cidade “mais agradável e amigável”, a campanha é também uma forma de atrair novos habitantes numa altura em queLuleå​ está cada vez mais internacional. Para a funcionária da câmara, receber um “olá” de um desconhecido faz com que quem chega de fora sinta que faz pertence àquele local.

Segundo o Guardian, a campanha surge depois de uma investigação recente ter revelado que 65% dos habitantes de Luleå​ com 85 ou mais anos se sentem sozinhos, e o mesmo acontece com 45% dos jovens entre os 16 e os 29 anos.

Citada pelo diário britânico, Mee Young Yim, que se mudou dos Estados Unidos para a cidade há 23 anos, admitiu que, no início, as pessoas são mais reservadas, mas não deixam de ser amigáveis. Seyed Mohsen Hashemi, do Irão, disse que cumprimentar e ser cumprimentado na rua fazia parte do seu dia-a-dia, mas, em Luleå, isso não existe. “Se cumprimentarmos estranhos eles vão dizer que estamos bêbados”, brincou.

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