De regresso ao G20, Putin diz que é tempo de parar “a tragédia” na Ucrânia

Presidente russo aponta o dedo ao Governo de Kiev e diz que a Rússia nunca recusou negociações de paz.

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Putin durante a cimeira online do G20 EPA/MIKHAEL KLIMENTYEV / SPUTNIK / KREMLIN POOL
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O Presidente russo, Vladimir Putin, disse aos líderes do G20, nesta quarta-feira, que é necessário pensar numa estratégia para pôr termo à "tragédia" da guerra na Ucrânia. No primeiro encontro em que marca presença depois de a Rússia ter atacado a Ucrânia, Putin disse que "a Rússia nunca recusou negociações de paz".

Na reunião, que decorreu online, Putin abordou, como seria expectável, o conflito que se prolonga na Ucrânia. "As acções militares são sempre uma tragédia", sublinhou o Presidente russo, considerando que "a guerra e a morte de pessoas não podem deixar de chocar qualquer pessoa", detalha a agência Reuters.

Trata-se, assim, de uma mudança no próprio discurso do Kremlin, que raramente tinha usado a expressão "guerra" para falar da invasão da Ucrânia, utilizando antes a designação "operação militar especial", principalmente quando se direccionava a líderes internacionais.

O que não mudou foi o apontar do dedo aos oponentes. Em primeiro lugar aos responsáveis ucranianos, lembrando que a Rússia "nunca recusou negociações de paz". Depois contra a comunidade internacional, de forma particular os países que têm apoiado a Ucrânia ao longo destes quase dois anos de conflito.

"E o extermínio da população civil na Palestina, na Faixa de Gaza, hoje, não é chocante? E o facto de os médicos terem de fazer operações a crianças sem anestesia, não é chocante? E o facto de o secretário-geral da ONU ter dito que Gaza se transformou num enorme cemitério de crianças não é chocante? ", questionou, de acordo com os meios de comunicação russos.

Depois de ter retirado a Rússia do acordo de cereais, apoiado pelas Nações Unidas, Vladimir Putin disse que vai começar a enviar sem qualquer custo cereais para África. "Hoje, quero informar que os primeiros navios com cereais russos gratuitos foram enviados para África, em particular para os países necessitados", afirmou, acrescentando depois que a Rússia "cumpre todas as obrigações neste domínio [da segurança alimentar] e que continua a ser um dos principais exportadores de alimentos", detalha a agência estatal russa Tass.

Finlândia ameaça cortar todas as fronteira com a Rússia

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Finlândia, Elina Valtonen, exigiu que a Rússia deixasse de enviar pessoas para a fronteira, alegando ter provas de que os serviços fronteiriços russos estão a transportar migrantes para os pontos de passagem. "Já tomámos medidas para encerrar os pontos de passagem fronteiriços e, se for necessário, procederemos a mais encerramentos", disse, citada pelo jornal The Guardian, deixando em aberto a possibilidade de fechar toda a fronteira de 1340 quilómetros com o país vizinho.

Helsínquia encerrou já vários pontos de passagem, restando ainda quatro abertos. Cerca de 500 pessoas chegaram nas últimas semanas à fronteira com a Finlândia, diz a agência Reuters. De acordo com as autoridades nacionais, os requerentes de asilo provêm de países como o Iémen, o Afeganistão, o Quénia, Marrocos, o Paquistão, a Somália e a Síria.​

Da mesma forma, a Estónia, outro dos países que partilham fronteira com a Rússia, também se queixa da "pressão migratória" imposta por Moscovo. O gabinete do ministro do Interior da Estónia, Lauri Laanemets, disse à Reuters que a Rússia está envolvida numa "operação de ataque híbrido". "Infelizmente, há muitos sinais de que os funcionários russos das fronteiras e possivelmente outras agências estão envolvidos", pode ler-se na nota a que a agência teve acesso. O Kremlin recusa as acusações que são feitas pelos dois países.

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