Theatro Circo lança novo ciclo Contraponto e recebe Swans, Joe Lovano e Lloyd Cole

Na apresentação do ciclo Contraponto foi também revelada a programação do gnration, espaço gerido pelo Theatro Circo. Alabaster DePlume, Jards Macalé e James Holden foram alguns dos nomes revelados.

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Os Swans regressam a Portugal para um concerto no Theatro Circo dia 20 de Fevereiro PAULO PIMENTA

O Theatro Circo vai criar em 2024 um ciclo de música contemporânea chamado Contraponto e receber os norte-americanos Swans, Joe Lovano e o britânico Lloyd Cole até ao fim de Abril, anunciou esta quarta-feira a sala de Braga.

Na apresentação da programação do primeiro quadrimestre de 2024, esta terça-feira no gnration (espaço também gerido pelo Theatro Circo), o director artístico, Luís Fernandes, salientou aos jornalistas a articulação que se pretende que exista entre os dois espaços, com vocações distintas, mas um pensamento partilhado.

"O facto de termos duas estruturas a programar com equipas profissionais e com ângulos diferentes para assuntos que podem ser similares acarretam e implicam uma riqueza muito grande para esta região e para esta cidade e queremos aproveitar esse potencial", disse Luís Fernandes.

Para 2024, o Theatro Circo vai ter um orçamento total de cerca de seis milhões de euros, que abrange não só o Theatro Circo e o gnration, mas também a conferência anual da rede de Cidades Criativas da UNESCO, a bienal INDEX e as acções preparatórias da Capital Portuguesa da Cultura em 2025. Representa um aumento de 1,5 milhões de euros face a 2023, como explicou a administradora daquela entidade, Joana Meneses Fernandes.

No Theatro Circo, o ano de 2024 vai começar, nos dias 3 e 4 de Janeiro, com a companhia de teatro residente, a Companhia de Teatro de Braga (CTB), a encenar Amor de Perdição, destacando-se, no dia 6, o Quarteto para o Fim do Tempo, de Olivier Messiaen, pelo Pluris Ensemble, inserido no novo ciclo Contraponto, dedicado a compositores dos séculos XX e XXI.

"[É] um posicionamento que queremos marcar naquilo que é a programação de música do século XX e XXI, que é sub-representada na maior parte das estruturas nacionais e, portanto, aproximar essa criação e esses compositores dos nossos dias a ensembles locais, alunos das nossas universidades, ensembles internacionais e tocar em espaços tão simbólicos como o Theatro Circo", afirmou Luís Fernandes.

No mês de Janeiro, o Theatro vai também receber A hora em que não sabíamos nada uns dos outros, da Companhia Olga Roriz, no dia 12, Carlos Bica, no dia seguinte, a apresentar Playing with Beethoven, para além de O Salto, de Tiago Correia e A Turma, entre as habituais sessões de cinema e outros momentos de programação.

Fevereiro vai assistir à passagem pelo Theatro Circo de [O SISTEMA], de Cristina Planas Leitão, a sessão de cinema de animação Preferia não o fazer, pela Confederação, e a apresentação de O Estrangeiro e Auto da Barca do Inferno, pela CTB.

No mesmo mês, actuam Cristina Branco (no dia 03), Cara de Espelho (dia 24) e há um tributo a José Afonso e Rosalía de Castro pelo Canto D'Aqui (dia 25).

Os norte-americanos Swans, de Michael Gira, voltam a Portugal, onde têm sido presença assídua, para um concerto no dia 20 de Fevereiro, com Maria W Horn a abrir.

Em Março, o Theatro Circo abre o mês com Miguel Araújo, no dia 2, estando previstos também os espectáculos Threshold, de Mariana Tengner Barros, e Uma partícula mais pequena do que um grão de pó, de Sofia Dias e Vítor Roriz, entre outros.

No âmbito do Contraponto, a compositora britânica-indiana Shiva Feshareki vai apresentar Transfigure, com alunos da licenciatura em Música da Universidade do Minho, no dia 16 de Março. Março é também o mês do já anunciado — e já esgotado — concerto de Patti Smith com o Soundwalk Collective, no dia 24.

Em Abril, o Theatro Circo vai acolher o concerto do Joe Lovano Trio Tapestry (dia 11), Concerto, de Tiago Cadete (dia 05), e a actuação do coletivo Ars Ad Hoc para interpretar obras de Morton Feldman, Claude Debussy e Igor Stravinsky (dia 13), no contexto do Contraponto.

O 109.º aniversário do Theatro Circo comemora-se no dia 19 de Abril com Bate Fado, de Jonas & Lander, um dos destaques das artes performativas da temporada, como disse a programadora da área, Maria Inês Marques. Abril encerra, no dia 30, com o regresso do britânico Lloyd Cole.

"Alavancar artistas e jovens criadores"

A apresentação da programação do Theatro Circo e do gnration funcionou como apresentação das novas equipas de direcção e administração, com Luís Fernandes enquanto director artístico e Joana Meneses Fernandes na administração depois das saídas de Paulo Brandão e Cláudia Leite. Nela, foi realçada a articulação que se impõe entre os dois espaços.

"O gnration implica, ou tem o condão de nos permitir, por ter uma dimensão mais pequena, alavancar artistas e jovens criadores, ou até, às vezes, não sendo jovens nem emergentes, são figuras marginais, no bom sentido, que não chegam a grandes públicos. Estas duas medidas completam uma oferta muito interessante para a região Norte", afirmou Luís Fernandes aos jornalistas.

O mês de Janeiro arranca com Peter Kutin & Patrick Lechner, no gnration, a apresentarem a "performance" Rotor - Sonic Body, seguindo-se o ciclo de programação órbita, "pensado exclusivamente para o formato online", com Carlos Maria Trindade, Má Estrela e Nuno Loureiro.

No final do mês abre a exposição EMAP Perspetive #1, da Plataforma Europeia de Media Art (EMAP, na sigla inglesa), à qual o gnration pertence desde 2022.

Em Fevereiro, o gnration apresenta o ciclo "Radiografia", uma "perspectiva sobre novos compositores bracarenses", que começa com a apresentação do álbum de estreia de Pedro Lima, Talking About My Generation, no dia 3, que vai contar também com a instalação Talking about Who? e uma mesa-redonda com a escritora Marta Pais Oliveira, o designer e filósofo Daniel Fraga, o engenheiro de som Hugo Romano Guimarães e o compositor Luís Tinoco.

No dia 17, loscil & Lawrence English apresentam Colours of Air, seguindo-se Steve Gunn & David Moore, com o seu álbum Reflections Vol. 1: Let the moon be a planet, no dia 23, em que o gnration será também palco para um concerto de Tiago Sousa.

Já no dia 29 de Fevereiro, o rapper MIKE sobe ao palco da blackbox, enquanto Março começa com o saxofonista britânico Angus Fairbairn, que conhecemos como Alabaster DePlume.

No dia 15 de Março, um dos destaques do ano no gnration, com o concerto do brasileiro Jards Macalé, de 80 anos, que vai revisitar o disco homónimo, de 1972, descrito como "uma obra-prima, inovadora e desafiante, que juntou o espírito do samba e da bossa nova com a essência ardente do rock, harmonias clássicas e o espírito de improvisação do jazz".

Março prossegue no gnration com Nik Colk Void e MAOTIK (dia 23), entrando depois em Abril com Rodrigo Amado, no dia 5.

Até ao final de Abril vai ser ainda possível ver a britânica Nabihah Iqbal e XEXA, o Braga International Vídeo Dance Festival e comemorar os 11 anos de existência do espaço, no dia 27, com o habitual gnration Open Day.

Nesse dia, de entrada gratuita, vai ser possível ver actuações de Mafalda BS, mutu, Goela Hiante (de Adolfo Luxúria Canibal e Marta Abreu), África Negra, HHY & The Kampala Unit, e James Holden, com novo disco em carteira.