Novecentos mil hectares de área arderam em 2022 na União Europeia (UE), segundo um relatório divulgado esta quarta-feira pelo Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais. Foi o segundo pior ano em matéria de incêndios florestais — 2017 está no topo, com 1,3 milhões de hectares de área ardida —, desde que o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais começou a monitorizar, em 2000.
Os fogos também afectaram a rede Natura 2000, a reserva europeia de biodiversidade, que representa cerca de 43% da área ardida na UE, a maior numa década.
Os dados já disponíveis para 2023 apontam para uma área ardida de cerca de 500 mil hectares de terrenos naturais na UE, incluindo o maior fogo florestal registado, o de Alexandropolis, na Grécia, que devastou 96 mil hectares. Este ano, indica ainda o relatório, "assistiu-se novamente a incêndios florestais galopantes, difíceis de conter pelo combate tradicional aos incêndios devido às suas elevadas temperaturas, intensidade e velocidade".
O relatório destaca ainda que, em 2022 e pelo terceiro ano consecutivo, fogos florestais sem precedentes causaram "grandes danos ambientais e económicos na UE e trágicas perdas de vidas humanas".
Em 2023, outros incêndios florestais críticos na UE ocorreram em Portugal, Espanha, Itália e Grécia. O ano foi marcado por vários fogos trágicos na Europa e outras regiões do planeta, destacando-se, por exemplo, o incêndio no Canadá. Dados divulgados pelo Copérnico, o programa de observação terrestre da União Europeia em Setembro deste ano mostravam que a época de incêndios florestais deste ano no hemisfério Norte bateu novos recordes.
Os cientistas do programa europeu sublinharam o impacto do grave incêndio no Canadá que viveu este ano a pior temporada de incêndios florestais da sua história, com mais de 170 mil quilómetros quadrados de área ardida — o equivalente a 17 milhões de campos de futebol, quase o dobro do território português.
No Canadá, o total estimado de emissões de carbono geradas pelos incêndios deste Verão atingiu 410 megatoneladas — o triplo do recorde anterior, registado em 2014, que apontava para 138 megatoneladas (milhões de toneladas) de carbono libertadas na atmosfera, comunicaram os especialistas do Copérnico.