Ucrânia. Helicópteros Kamov oferecidos há mais de um ano continuam “em solo nacional”

Ministro da Administração Interna garante que os helicópteros “estão há muito tempo preparados para serem enviados”, mas que a morte do anterior ministro do Interior ucraniano criou “um impasse”.

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Os seis helicópteros Kamov ainda não saíram de solo português PAULO PIMENTA
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Os seis helicópteros Kamov de combate a incêndios oferecidos por Portugal à Ucrânia há mais de um ano ainda permanecem no país, aguardando as autoridades portugueses por indicações de Kiev, avançou esta terça-feira à Lusa o Ministério da Defesa. O ministro da Administração Interna diz que os helicópteros "estão há muito tempo preparados para serem enviados".

"Os helicópteros Kamov cedidos à Ucrânia a pedido das autoridades de Kiev encontram-se em solo nacional, aguardando-se da contraparte ucraniana indicação sobre os próximos passos a adoptar", indica o Ministério da Defesa Nacional, numa reposta enviada à agência Lusa.

O Ministério tutelado por Helena Carreiras acrescenta ainda que se mantêm "contactos regulares entre o Ministério da Defesa Nacional e os seus interlocutores ucranianos, tendo ocorrido, no trimestre passado, uma visita técnica do braço logístico do grupo de doadores ao local onde estão estacionadas as aeronaves".

Horas mais tarde, em reacção a esta notícia, o Ministro da Administração Interna, José Luis Carneiro, garantiu que os helicópteros "estão há muito tempo preparados para serem enviados", mas que a morte do anterior ministro do Interior ucraniano criou "um impasse".

"Estão já há muito tempo preparados para serem enviados para a Ucrânia, contudo, dependem dos termos que a Ucrânia comunique que quer o transporte e a sua operacionalização", afirmou José Luís Carneiro, à margem da conferência "A nova economia" organizada pela CNN Portugal.

Questionado sobre o facto de os seis helicópteros Kamov ainda permanecerem no país, José Luís Carneiro lembrou que o Ministério da Defesa estabeleceu um compromisso com o anterior ministro do Interior da Ucrânia que, na sequência de um acidente, faleceu. "Isso criou um impasse, mas o Ministério da Defesa e [o Ministério] dos Negócios Estrangeiros estão a acompanhar esse assunto", assegurou.

Os seis helicópteros pesados Kamov de combate a incêndios sem licença para operar em Portugal por serem de origem russa estão inoperacionais e parados no aeródromo de Ponte de Sor, distrito de Portalegre.

O anúncio do envio para a Ucrânia dos Kamov foi feito por Helena Carreiras em Outubro de 2022, uma decisão criticada, na altura, por Moscovo que considerou tratar-se de uma "violação das suas obrigações contratuais".

A diplomacia russa considerou que a decisão do Governo português de enviar seis helicópteros Kamov de combate a incêndios para a Ucrânia, ajudando na luta contra a invasão russa, é uma "violação das obrigações contratuais" por parte de Lisboa, referindo-se ao facto de serem aeronaves de origem russa.

Em Junho deste ano, a ministra da Defesa afirmou que estava a ser planeada a preparação do envio dos Kamov.

Dos seis helicópteros pesados do Estado, um está acidentado desde 2012, outros dois estão para reparação desde 2015 e os restantes três Kamov estão parados desde o início de 2018. Os Kamov foram adquiridos em 2006 pelo Ministério da Administração Interna, então liderado pelo actual primeiro-ministro, António Costa.

Notícia actualizada às 18h34 com declarações do ministro da Administração Interna