Catalunha anuncia criação de “rede lilás” para acabar com a violência contra as mulheres

O plano conta com 222 medidas para “erradicar” a violência machista. Os autocarros, por exemplo, vão ter um botão roxo na app que está ligado à linha de apoio à vítima e câmaras de vigilância.

Foto
O lilás (e o roxo) têm sido cores associadas à luta contra a violência machista EPA/MARISCAL
Ouça este artigo
00:00
02:31

A conselheira da Igualdade e Feminismos da Catalunha, Tània Verge, anunciou, nesta segunda-feira, que o Governo catalão (Generalitat) vai avançar com a criação de uma “rede lilás” comunitária em toda a região para pôr fim à violência contra mulheres e pessoas que se identificam com o género feminino.

“Para erradicar a violência devemos atacar as suas raízes sociais e culturais e envolver toda a sociedade”, declarou Tània Verge, citada pelo jornal La Vanguardia, durante uma conferência de imprensa sobre o primeiro plano de prevenção da violência machista desta comunidade autónoma.

Segundo a conselheira, a medida faz parte de um plano mais alargado que conta com 222 acções e custará 43 milhões de euros ao Governo da Catalunha.

Ficou decidido que zonas comerciais, como lojas, espaços culturais, desportivos e residenciais vão estar assinalados com pontos roxos. Os casos de violência contra mulheres nos transportes públicos também não ficaram esquecidos e a solução encontrada para os prevenir foi a inclusão de um botão roxo na aplicação dos transportes que está ligado à linha de apoio às vítimas de violência machista.

Ainda sobre os transportes, adianta a agência Europa Press, o número de paragens será alargado nas zonas menos movimentadas e os veículos vão passar a ter câmaras de videovigilância. As redes de transporte vão ter ainda um email para receberem sugestões anónimas de todos os passageiros sobre como aumentar a segurança.

O Ministério da Igualdade está também a dar formação a todos os funcionários de espaços comerciais que integram a rede lilás para que saibam identificar todas as formas de violência machista e os passos a seguir nestas situações. A rede lilás inclui ainda um livro branco, onde estarão presentes novos procedimentos e acções preventivas contra a violência que protejam todos os grupos, incluindo a comunidade LGBTQIA+.

“Precisamos que todos tenham consciência de que são problemas estruturais e, portanto, a resposta tem de ser colectiva”, reforçou Tània Verge.

A apresentação das medidas contou também com a presença da directora-geral da Erradicação da Violência Machista, Laila Rosich, que classificou o plano como “um ponto de viragem” e revelou que as mulheres vão realizar “caminhadas exploratórias” em várias cidades e vilas da Catalunha para averiguarem se os espaços públicos são seguros e, se não for o caso, proporem soluções às câmaras municipais.

A par disto, destaca a mesma agência, vão ser criados novos cargos profissionais, como coordenadores de intimidade nos meios artísticos e audiovisual de forma a garantir que casos de violência sexual entre colegas não acontecem — principalmente em cenas íntimas. O mesmo se aplica ao mundo do desporto, no trabalho dos delegados de protecção desportiva.

Sugerir correcção
Comentar