Ucrânia demite altos responsáveis pela ciberdefesa por suspeitas de corrupção

Ucrânia tenta resolver problemas relacionados com corrupção para se aproximar da UE

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Ucrânia novamente envolvida em casos de corrupção REUTERS/Stringer
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A Ucrânia demitiu dois altos responsáveis pela ciberdefesa, esta segunda-feira, ao mesmo tempo que os procuradores anunciavam uma investigação sobre alegados desvios de fundos na agência governamental de cibersegurança. É mais um caso de corrupção depois dos escândalos no Verão passado relacionados com os centros regionais de recrutamento e que culminaram na demissão de todos os responsáveis.

Yurii Shchyhol, chefe do Serviço Estatal de Comunicações Especiais e Protecção da Informação da Ucrânia (SSSCIP), e o seu adjunto, Viktor Zhora, foram demitidos pelo Governo, escreveu no Telegram o representante permanente do Gabinete de Ministros ucraniano, Taras Melnychuk.

O SSSCIP é responsável pela segurança das comunicações do governo e pela defesa do Estado contra ataques informáticos. A notícia dos despedimentos chegou menos de uma hora antes de os procuradores anticorrupção terem dito que estavam a investigar o chefe e o vice-chefe do SSSCIP sobre os seus alegados papéis numa conspiração de seis pessoas para desviar 62 milhões de hryvnias (1,57 milhões de euros) entre 2020 e 2022.

As autoridades suspeitam que os funcionários compraram software a um preço inflacionado a duas empresas que alegadamente controlavam numa venda que tinha sido fechada a outros licitantes, disse o Gabinete Nacional Anticorrupção da Ucrânia. Os procuradores não citaram o nome de nenhum dos funcionários. Numa declaração no Telegram, o SSSCIP disse que estava a cooperar com os investigadores e que todas as aquisições da agência tinham sido realizadas legalmente.

A mancha da corrupção

A Ucrânia intensificou os esforços para reduzir a corrupção à medida que procura aderir à União Europeia, que fez da luta contra a corrupção um pré-requisito fundamental para o início das negociações. É expectável que o executivo comunitário recomende aos 27 chefes de Estado e governo da União Europeia que aprovem a abertura das negociações para a adesão da Ucrânia na sua próxima cimeira, a 14 e 15 de Dezembro, depois de constatar os progressos do Governo de Kiev na execução das sete reformas exigidas por Bruxelas para o avanço da candidatura, nomeadamente questões relacionadas com corrupção.

No Verão passado, o director do centro de recrutamento de Odessa foi demitido por suspeitas de corrupção. Ievgueni Borisov tinha comprado uma mansão de luxo no Sul de Espanha no valor de quatro milhões de euros e um carro de alta cilindrada, o que levantou suspeitas junto das autoridades de Kiev. Na sequência do caso, e dos problemas que a Ucrânia tem sentido ao nível do recrutamento militar, Volodymyr Zelenskiy despediu todos os directores regionais dos centros de recrutamento.

Em Setembro, o Presidente ucraniano demitiu o então ministro da Defesa, Oleksii Reznikov. O governante foi acusado de estar envolvido num esquema de corrupção no Ministério da Defesa, relacionado com a aquisição de bens alimentares e equipamentos para as Forças Armadas a preços acima do valor de mercado.​ Em Maio, o presidente do Supremo Tribunal foi preso por corrupção e, em Janeiro, um escândalo de irregularidades no aprovisionamento do Exército provocou várias demissões em ministérios, administrações regionais e nos departamentos judiciários. Entre as pessoas demitidas estavam assessores de Zelensky e o então vice-ministro da Defesa.

Lloyd Austin visita Ucrânia e promete ajuda

O secretário da Defesa dos Estados Unidos da América, Lloyd Austin, chegou, esta segunda-feira, a Kiev, numa visita- surpresa à Ucrânia para garantir o apoio “inabalável” de Washington face à invasão russa. Lloyd Austin “viajou [esta segunda-feira] para a Ucrânia para se encontrar com os líderes ucranianos e reforçar o apoio inabalável dos Estados Unidos à luta da Ucrânia pela liberdade”, revelou o Pentágono, em comunicado.

Segundo a mesma fonte, o responsável norte-americano irá sublinhar “o compromisso contínuo dos Estados Unidos em fornecer à Ucrânia a assistência de segurança necessária para se defender da agressão russa”. A viagem a Kiev, de comboio a partir da Polónia, é a segunda do chefe do Pentágono desde que a Rússia lançou a sua invasão em território ucraniano.

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