Alterações climáticas? Uma mentira do socialismo, diz Presidente eleito da Argentina

Javier Milei acredita nos direitos de propriedade, e na privatização de recursos naturais, para resolver problemas ambientais. Porque é que as baleias estão em extinção e as galinhas não?

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Javier Milei com uma nota de dólar gigante com a sua cara impressa: uma das suas propostas é substituir o peso argentino pelo dólar Matias Baglietto/REUTERS
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Aquecimento global? “Nada, é outra das mentiras do socialismo. Há toda uma agenda de marxismo cultural”, afirmou Javier Milei, o anarcocapitalista Presidente eleito da Argentina, com um penteado que faz recordar um jogador de futebol fora de moda. Não acredita nas alterações climáticas, quer acabar com o Ministério do Ambiente (entre vários outros), privatizar o da Ciência e acredita na propriedade privada como forma de regular a poluição.

Estas afirmações foram feitas em 2021, quando ainda concorria ao cargo de deputado. Mas durante a campanha para a presidência argentina repisou estas ideias, e assegurou que, com ele, a Argentina não vai cumprir o Acordo de Paris para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.

As alterações climáticas não são culpa dos seres humanos, afirmou, contra toda a evidência científica. “O mundo já teve outros picos de altas temperaturas. É um comportamento cíclico, independente da existência do homem. Portanto, todas essas políticas que culpam os seres humanos pelas alterações climáticas são falsas e só servem para arrecadar fundos para financiar socialistas preguiçosos que escrevem documentos de quinta categoria”, disse no segundo debate com Sergio Massa, o candidato derrotado.

Economista, ex-cantor de rock e ex-guarda-redes de futebol, entre outros dados biográficos coloridos, Javier Milei define-se como um libertário que acredita na definição dos direitos de propriedade para resolver eventuais problemas ambientais.

Ficou célebre o discurso de Milei em que disse que “uma empresa pode contaminar um rio como quiser”. Pausa: “E? Onde está o dano?” O problema, disse o político de extrema-direita, é que está mal definido o direito de propriedade.

“Uma empresa pode contaminar um rio como quiser e sabem porquê? Porque esta é uma sociedade em que há muita água e o preço da água é zero. Consequentemente, quem vai reclamar o direito de propriedade desse rio? Ninguém, porque não pode ganhar dinheiro”, afirmou. Agora se alguém for dono da água desse rio, terá interesse em negociar com quem o polui. “Vão ver como se vai acabar a contaminação”, afirmou Milei.

O seu principal assessor, Alberto Benegas Lynch, ilustrou a ideia que passa pela ampla privatização de recursos e bens do Estado usando as baleias. Porque é que as baleias estão à beira da extinção, enquanto as galinhas e as vacas não estão? A diferença está na cerca que as protege. Onde há um proprietário, há utilidade económica, e isto protege a fauna”, afirmou, sugerindo privatizar o mar.