Pedro Nuno e Carneiro trocam acusações sobre combate à direita

“O meu adversário interno tem preferido dirigir-me ataques, mais do que à direita”, criticou Pedro Nuno Santos. Em resposta, Carneiro disse ser necessário “muita tranquilidade” na campanha eleitoral.

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Pedro Nuno Santos, José Luís Carneiro e Daniel Adrião são candidatos à liderança do PS Nuno Ferreira Santos

O socialista Pedro Nuno Santos disse este domingo que a sua candidatura a secretário-geral do PS visa "derrotar a direita" e desafiou o seu opositor José Luís Carneiro a fazer o mesmo. Em resposta, o actual ministro da Administração Interna disse não aceitar "lições" de como se deve combater a direita e alertou que é necessário "muita tranquilidade" numa campanha eleitoral.

"Esperaria que o meu adversário tivesse o mesmo foco e a mesma concentração no combate à direita. Simplesmente, não é isso que tem acontecido: o meu adversário interno tem preferido dirigir-me ataques, mais do que à direita", afirmou Pedro Nuno Santos.

O ex-ministro das Infra-estruturas falava aos jornalistas antes de iniciar uma reunião com as estruturas distritais da sua campanha à liderança nacional do Partido Socialista. "Nós estamos concentrados exclusivamente em derrotar a direita e o PSD e é nesse cenário que trabalhamos", sublinhou.

Em vários momentos da declaração, procurou demarcar-se neste ponto do adversário José Luís Carneiro, recordando que o actual ministro da Administração Interna já admitiu, se vier a liderar o PS, que seja viabilizado pelos socialistas um Governo do PSD caso este partido venha a ganhar, sem maioria absoluta, as eleições de 10 de Março.

"O foco desta candidatura é derrotar a direita e não mais do que isso", reiterou, defendendo a importância de um projecto político "que mobilize e continue a transformar Portugal", para as pessoas poderem "viver melhor".

Nesta disputa pela liderança do PS, a que se juntou no sábado uma terceira candidatura, apresentada pelo dirigente Daniel Adrião, importa sobretudo "falar do país e dar resposta à direita, que se prepara para juntar toda", defendeu Pedro Nuno Santos. Caso venha a ser eleito secretário-geral, "o PS não vai ser muleta de ninguém", vai antes "batalhar nestas eleições [legislativas] para conseguir ganhá-las", assegurou.

"Em 2015, António Costa derrubou muros à sua esquerda", disse Pedro Nuno, acrescentando que, na sua opinião, o PS deve esforçar-se por manter autonomia estratégica para "não regressar a 2014", como admitiu o seu adversário José Luís Carneiro, acusou. E continuou: "Se há alguém que sabe como garantir a autonomia estratégica do PS sou mesmo eu, que estive no centro da coordenação durante os primeiros anos da chamada 'geringonça'."

O candidato à sucessão de António Costa na liderança dos socialistas realçou ainda que "foram quatro anos de estabilidade, de avanço económico e social e em nenhum momento se pôs em causa qualquer compromisso internacional ou europeu do país, e em que se cumpriu o desígnio das contas certas".

Carneiro responde: "Não aceito lições" de como "combater a direita"

Em resposta às palavras do antigo ministro das Infra-estruturas, o actual ministro da Administração Interna disse não aceitar "lições de como se deve combater a direita".

"Comecei a minha vida política muito jovem, há muito tempo, por ganhar precisamente uma câmara ao PSD. Derrotei o PSD, derrotei na altura o CDS e tornei-me num dos mais jovens presidentes de Câmara do país. Não aceito lições de como se deve combater a direita", defendeu-se o socialista, citado pela TSF.

José Luís Carneiro falava aos jornalistas à margem de um encontro com apoiantes da sua candidatura, no Porto.

Carneiro considera que é preciso "muita tranquilidade numa campanha eleitoral", até porque o actual ministro e Pedro Nuno são "camaradas" e "amigos em primeiro lugar", disse. E acrescentou que, acerca da sua luta pela liderança do PS, há um "movimento em grande crescimento", que espera que "não causa intranquilidade a ninguém". "

As eleições directas para o cargo de secretário-geral estão marcadas para 15 e 16 de Dezembro, devendo o congresso decorrer nos dias 5, 6 e 7 de Janeiro.

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