Pedro Nuno Santos doou ao pai a participação que lhe restava da empresa de família
O antigo ministro tinha 1% da Tecmacal, empresa que celebrou contratos públicos com o Estado enquanto Pedro Nuno estava no Governo — um por ajuste directo no valor de quase 20 mil euros.
Pedro Nuno Santos, candidato à liderança do PS, desfez-se da participação que tinha na empresa de calçado do pai, Tecmacal. Tratava-se de 1%, uma participação “simbólica” — assim se lhe referiu há cerca de um ano quando a oposição pediu a sua demissão na sequência de um contrato público realizado entre a empresa e o Estado por ajuste directo — que o antigo ministro doou agora ao pai.
Segundo o Observador, que cita fontes da candidatura de Pedro Nuno Santos, desde Fevereiro que o antigo ministro não tem qualquer participação nesta empresa, na qual detinha 1000 acções no valor de 5 euros.
Apesar de Pedro Nuno Santos ter regressado ao Parlamento em Julho, até esta terça-feira ainda não havia sido publicado o seu registo de interesses. Contudo, após perguntas daquela publicação, os serviços do Parlamento publicaram o registo de interesses do deputado, onde não constava a sua participação na empresa de calçado do pai.
Há cerca de um ano, a oposição exigiu que o então ministro das Infra-Estruturas e da Habitação se demitisse porque a dita empresa celebrou contratos públicos enquanto Pedro Nuno estava no Governo. Em particular, um por ajuste directo com o Centro de Formação Profissional da Indústria de Calçado, no valor de 19.110 euros para compra de equipamentos da marroquinaria.
À época, o antigo ministro foi chamado ao Parlamento e viu a ligação ser investigada pelo Ministério Público junto do Tribunal Constitucional — que considerou não haver incompatibilidades do agora candidato a secretário-geral do PS.