A gata Mimi desapareceu em 2012. Dez anos depois, foi devolvida aos donos

Fugiu da casa dos donos em Nova Iorque e, desde então, nunca mais foi vista. Depois de anos a vaguear pelas ruas, foi levada para um abrigo e entregue aos tutores que agora vivem em Espanha.

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Mimi foi encontrada em 2022 e levada para uma associação de animais em Nova Iorque Brookhaven Animal Shelter and Adoption Center
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Quando Richard e Maria Price receberam um telefonema de um número de Nova Iorque, o casal — que agora vive em Espanha — pensou que era apenas mais uma chamada de spam. Mas o telemóvel voltou novamente a tocar e apareceu o mesmo número no ecrã.

"Já tiveram uma gata com o pêlo preto e branco?", perguntou-lhes a pessoa do outro lado da linha. E tiveram. A gata, peluda e arisca, chamava-se Mimi, mas o casal não sabia do paradeiro da felina há uma década.

Mimi desapareceu em 2012, dois anos depois de ter sido adoptada, quando viu uma porta aberta. O casal passou mais de um ano à procura da gata em Nova Iorque, mas sem sucesso, e perdeu a esperança de a voltar a encontrar. No ano passado, quando Richard se reformou, mudaram-se para Valência, em Espanha. E levaram os três gatos que tinham adoptado desde que perderam Mimi: Patch, Tiny e Groot.

Há um ano, no dia 5 de Dezembro de 2022, um habitante de Miller Place, localidade onde o animal desapareceu, encontrou uma gata e levou-a para o Brookhaven Animal Shelter and Adoption Center. Os funcionários descobriram que o tinha microchip e conseguiram chegar até aos donos. Nesse mesmo dia, telefonaram para o contacto que tinham da família Price do tempo em que o casal vivia em Nova Iorque.

"É um milagre de Natal incrivelmente raro", destaca Richard em declarações ao The Washington Post.

Mimi chamou a atenção do dono em 2010 quando estava numa associação de adopção de animais de Long Island. A gata tinha o pêlo preto e o queixo branco, e, aos olhos de Richard, era "de uma beleza incomparável".

Antes de a adoptar oficialmente, visitou o centro algumas vezes durante a hora de almoço para ver a gata. No início, Mimi era tímida e escondia-se até ver o futuro dono entrar no espaço e sentar-se no chão. Richard colocava a mão perto do esconderijo da felina até ela sair e deixar que lhe fizesse festas.

"Via-se que ela queria pessoas. Queria uma família, mas estava um pouco assustada com isso. Acabou por conquistar o meu coração", recorda.

Mimi, que era uma gata não domesticada, tinha cerca de dois anos quando foi adoptada e levada para a casa dos Price na vila de East Setauket. Em 2012, pouco tempo depois da adopção, os donos foram de férias e deixaram-na com um familiar que vivia na localidade vizinha de Miller Place. Quando regressaram, a gata tinha desaparecido.

Segundo Richard, o familiar abriu a porta de casa para sair e Mimi esgueirou-se por entre os pés em direcção ao mato. Perturbado, o dono começou rapidamente as buscas para encontrar a sua querida gata, afixando panfletos em Miller Place e nas redondezas. Além disto, visitou abrigos locais de animais e procurou por Mimi em colónias de gatos selvagens atrás de supermercados. Passado um ano, já tinha perdido a esperança de voltar a encontrar o animal.

Nos dez dias que se seguiram à descoberta de que Mimi ainda estava viva, Richard disse ter recebido chamadas de habitantes de Miller Place que lhe contaram sobre possíveis avistamentos da felina ao longo dos anos. Tanto quanto se sabe, tinha-se tornado numa gata de rua em Miller Place, vagueava entre as vizinhanças e procurava pessoas que a alimentassem.

Julia Ray e o pai, Lawrence, eram algumas delas. Segundo a jovem de 23 anos, Mimi aparecia constantemente no alpendre da casa do pai, muitas vezes aconchegada na almofada de uma das cadeiras de exterior ou na casa aquecida que montaram para o animal passar o Inverno.

A rapariga reparou que a orelha da gata estava cortada, marca que diferencia os felinos selvagens esterilizados ou castrados. Os veterinários disseram-lhe que, provavelmente, se tratava de uma gata de rua que não tinha dono. "Ela era feliz lá fora, por isso deixámo-la estar", explica.

Durante anos, Julia e o pai chamaram-lhe Kitty. Mesmo apesar das fortes tempestades e Invernos rigorosos, a gata voltava à casa e os Rays alimentavam-na sempre que a viam. Depois de a rapariga ter ido para a universidade, o pai continuou a tomar conta da gata e fê-lo até morrer em Abril. Depois, a casa foi vendida.

"Quase pensei em vender a casa com a condição de o comprador ser generoso com a gata e dar-lhe comida", conta a jovem. Mas, felizmente, não precisou de o fazer. Mimi tinha encontrado outro residente de Miller Place que assumiu a tarefa: Gary Guiseppone. O vizinho reparou que o pêlo da gata estava emaranhado e, preocupado com a possibilidade de ter ficado presa em arbustos ou ramos de árvores, levou-a para o abrigo em Brookhaven no dia 5 de Dezembro.

Contava ir buscá-la mais tarde nesse dia, mas a associação telefonou-lhe e disse-lhe que tinham encontrado os donos do animal. "Não podia acreditar. Fiquei emocionado", recorda.

Agora, Richard e Maria tinham uma nova missão: levar Mimi para Espanha. O homem vai regressar aos Estados Unidos no próximo mês para ir buscar o animal. Até lá, a gata tem vivido com a irmã e a sobrinha.

Richard duvida que Mimi se lembre dele e prevê que o animal se esconda como fez no passado. Se tal acontecer, tenciona aproximar a mão da felina e esperar que ela saia do esconderijo e se reaproxime.


Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

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