Proposta de revisão de estatutos foi retirada. AG do FC Porto deverá cair

Membros do Conselho Superior optaram por retirar a proposta de apreciação do documento. Decisão sobre a AG nas mãos do presidente da mesa.

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Tiago Lopes
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A Assembleia Geral extraordinária do FC Porto, que tinha sido adiada para a próxima segunda-feira, deverá ser cancelada. Em reunião do Conselho Superior realizada na noite desta quinta-feira, foi deliberado retirar a proposta de revisão dos estatutos, o que muito provavelmente se traduzirá na anulação da reunião magna.

Esta possibilidade começou por ser aventada na tarde de quarta-feira. A reforma estatutária tinha partido precisamente dos membros do Conselho Superior, mas na AG da passada segunda-feira fora o próprio presidente do clube, Jorge Nuno Pinto da Costa, a assumir que discordava de algumas das alterações propostas. Uma posição tomada logo no início de uma reunião que acabou por não chegar ao fim, frutos do caos e das agressões que se geraram no Dragão Arena.

Para que a revisão dos estatutos ficasse sem efeito era necessária a aprovação de dois terços dos membros do Conselho Superior, mas a decisão foi tomada por unanimidade. "O condicionamento criado à Assembleia-Geral, e o empolamento artificialmente criado pela comunicação social e redes sociais, tiveram como resultado os lamentáveis incidentes a que assistimos, convertendo uma importante Assembleia num momento de primárias incendiadas", contextualizou, em comunicado, o órgão consultivo, explicando esta tomada de posição como uma forma de "apaziguar o divisionismo que se quer criar na família portista".

A decisão de manter ou cancelar a reunião magna passa, assim, para a alçada do presidente da Mesa da AG, Lourenço Pinto. Tendo em conta, porém, que se extinguiu o mote (e o tema único na agenda, mesmo que estivesse previsto um período de 30 minutos para discussão de outros assuntos) para a Assembleia-Geral extraordinária, tudo indica que irá mesmo ser cancelada.

Agressões inviabilizaram AG

A adesão em massa dos sócios, na passada segunda-feira, foi um sinal claro do interesse que o tema gerou, quando estamos a pouco mais de cinco meses das eleições para a presidência do clube. Entre as várias alterações sugeridas aos actuais estatutos, contava-se precisamente a possibilidade de alterar a data do acto eleitoral (de Abril passaria para Junho), o que, a merecer aprovação, produziria efeitos já na próxima ida às urnas. Isto apesar de Pinto da Costa ter entretanto adiantado que existia um acordo para que se mantivesse, em 2024, a data que tem sido norma há longos anos.

A reunião mantida nesta quinta-feira pelo Conselho Superior estava agendada há já algum tempo, com o intuito de debater as contas apresentadas pela SAD referentes ao exercício 2022-23, mas os episódios de violência entre sócios verificados na última assembleia, realizada de forma improvisada no pavilhão, levaram a que o tema da revisão dos estatutos fosse também incluído na ordem de trabalhos.

A gravidade dos incidentes levou mesmo o Ministério Público a instaurar um inquérito, por considerar que são “susceptíveis de integrarem infracções criminais de natureza pública”, correndo agora termos no DIAP [Departamento de Investigação e Acção Penal] da Procuradoria da República do Porto.

De resto, na sequência das agressões e da intimidação sofridas por alguns sócios quando tentavam usar a palavra na reunião, foram várias as centenas de associados que abandonaram o Dragão Arena ainda com os trabalhos a decorrerem. No exterior do recinto, havia ainda largas centenas de outros sócios para entrarem, pelo que não estavam reunidas as condições para uma cabal participação do universo “azul e branco”.

Para além da data das eleições, outros temas da revisão estatutária prometiam gerar divisão, como a introdução do voto electrónico, a abertura de mesas de voto nas casas do FC Porto ou a maior liberdade na realização de negócios entre o clube e os membros dos órgãos sociais. Foram vários os sócios que prometeram regressar para a reunião da próxima segunda-feira, que deverá, neste contexto, ficar sem efeito.

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