Nova Iorque processa a PepsiCo por colocar em risco a saúde pública com o plástico que usa

Multinacional acusada de poluir o ambiente e colocar em risco a saúde pública por usar plástico. É uma das primeiras acções de um estado norte-americano contra um grande produtor de plásticos.

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Acção pretende também obter uma ordem que proíba a venda de plástico de utilização única na região de Buffalo sem avisos Paul Burns/GettYimages

O estado de Nova Iorque processou a PepsiCo na quarta-feira, acusando a gigante de bebidas e salgadinhos de poluir o meio ambiente e colocar em risco a saúde pública por meio de garrafas, tampas e embalagens plásticas de uso único. A acção intentada no tribunal estadual do condado de Erie é uma das primeiras de um estado norte-americano contra um grande produtor de plásticos.

A procuradora-geral do estado de Nova Iorque, Letitia James, acusou a PepsiCo de contribuir para um problema público ao gerar uma parte significativa dos resíduos de plástico encontrados no rio Buffalo e nas suas proximidades, incluindo mais de 17% do lixo que podia ser facilmente identificado com marcas específicas.

A procuradora afirmou ainda que a empresa não avisou os consumidores sobre os potenciais riscos para a saúde e o ambiente dos plásticos das suas mais de 100 marcas e enganou o público sobre os seus esforços para combater a poluição causada pelos plásticos.

Letitia James refreiu que essa poluição pode entrar na água potável depois de se decompor, contribuindo para problemas de saúde. "Todos os nova-iorquinos têm o direito básico à água potável, mas as embalagens e o marketing irresponsáveis da PepsiCo põem em perigo o abastecimento de água, o ambiente e a saúde pública de Buffalo", afirmou a responsável num comunicado.

Um porta-voz da PepsiCo disse que a empresa sediada em Purchase, Nova Iorque, "leva a sério a redução do plástico e a reciclagem efectiva" e está empenhada em trabalhar com as comunidades locais. A PepsiCo alega que estabeleceu uma parceria com as partes interessadas a nível nacional para melhorar as infra-estruturas de reciclagem e aumentar a sensibilização dos consumidores para a importância da reciclagem, acrescentou o porta-voz.

Além da Pepsi Cola, as marcas da PepsiCo incluem Cheetos, Cracker Jack, Doritos, Fritos, Gatorade, Lay "s, Lipton, Mountain Dew, Ocean Spray, Quaker, Ruffles e Tostitos.

Exemplo para outros estados

A acção judicial refere que foram observadas alterações no funcionamento dos órgãos reprodutivos e taxas de cancro mais elevadas em animais expostos a aditivos plásticos e microplásticos, e os investigadores acreditam que os seres humanos poderão sofrer os mesmos efeitos. Os microplásticos são partículas minúsculas produzidas pela decomposição dos plásticos.

A PepsiCo enganou também os consumidores ao anunciar objectivos de redução da quantidade de plástico não reciclado que utiliza nas embalagens, embora na realidade tenha aumentado a sua utilização.

A acção judicial visa obrigar a PepsiCo a limpar a contaminação e a pagar os danos causados pelos resíduos de plástico. Pretende igualmente obter uma ordem que proíba a venda de plástico de utilização única na região de Buffalo sem avisos que indiquem que a embalagem pode causar poluição e apresenta riscos para a saúde e o ambiente.

Os defensores do ambiente consideraram a acção judicial um passo significativo na luta contra os resíduos de plástico e poderá servir de exemplo para outros estados, condados e municípios. "Não só as outras empresas devem estar atentas a esta situação, como devem reduzir proactivamente a sua poluição por plásticos para não estarem sujeitas a processos judiciais semelhantes", afirmou Judith Enck, presidente do grupo de defesa Beyond Plastics. Enck foi administradora regional da Agência de Protecção Ambiental dos EUA durante a administração Obama.

Connecticut e Minnesota também entraram com acções judiciais relacionadas a plásticos, acusando as empresas de comercializar enganosamente sacos que não podem ser reciclados em instalações estaduais. A Califórnia, por sua vez, anunciou em 2022 uma investigação sobre o papel das indústrias de combustíveis fósseis e petroquímicas na poluição dos plásticos.

As acções da PepsiCo fecharam em queda de 86 cêntimos, a 167,25 dólares, nas negociações de quarta-feira no Nasdaq.

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