O concurso já existe há alguns anos e funciona da seguinte forma: os membros da associação Paysages de France fotografam os locais do país que consideram serem feios e, depois, juntam-se para analisar cuidadosamente as imagens e escolherem as quatro cidades mais feias do ano. Este ano, Paris, Carnac, Chavelot e Honfleur foram as vencedoras do Prix de la France Moche (ou prémio da França feia, em tradução livre).
A distinção, alerta a organização, não tem como objectivo difamar as cidades, mas antes “destacar os ataques” que a utilização excessiva de cartazes publicitários ou obras mal feitas provocam nas paisagens. Mas esclarece: achar uma cidade bonita ou feia é tudo subjectivo.
“Os autarcas dos quatro municípios em causa foram informados há poucos dias. Não temos certeza se gostaram da distinção”, lê-se no site.
Paris foi distinguida na categoria Valorização e Património, porque, para o júri, nenhum outro local está à altura da Place des Vosges (Praça dos Vosgos, situada no bairro de Marais). O jardim e edifício histórico, localizado na margem direita do rio Sena, tem agora um grande cartaz que faz publicidade a uma loja de artigos de luxo e que bloqueia a vista a quem por lá passeia ou trabalha.
“Sobre a utilidade de trabalhar em monumentos históricos para poder instalar gigantescas lonas publicitárias. É uma pena que a vista do anúncio seja estragada por uma árvore”, comentaram.
Carnac, na Bretanha, venceu a categoria Obélix 2.0 pela instalação de pequenos postes de plástico junto a uma estrada. A associação considera que a obra se assemelha a “menires perfeitamente idênticos” a outros monumentos megalíticos como as Rochas de Carnac que podem ser vistas nesta cidade.
A localidade de Chavelot, na região de Grande Leste, surpreendeu pelo número de bandeiras e destaques publicitários a marcas de automóveis num só espaço. Na imagem, Fiat, Abarth, Jeep, Mitsubishi e Alfa Romeo, estão lado a lado, mas ainda sobrou espaço para a Iveco, fabricante de veículos pesados do grupo Fiat e, ao longe, para a Mini.
E cidade de Honfleur, na Normandia, também parece gostar de muita publicidade: na imagem, há placas que informam sobre lavagens de carros, venda de motas, garagem para guardar os veículos e até venda de produtos regionais. “Lonas, painéis, banners, bandeiras. Todas as marcas em promoção”, completou a associação.
A Paysages de France diz ainda que vai continuar a “abrir os olhos” às pessoas que os fecham em nome do “progresso e a modernidade” e que, por isso, aceitam ruas cheias de cartazes publicitários, grandes zonas comerciais ou construções de betão.
No ano passado, as quatro localidades mais feias distinguidas com o prémio foram Moussac, Saint-Paul, Aubière e Villlard-de-Lans. Destas, apenas as duas primeiras decidiram retirar a publicidade dias depois da publicação da lista.