Operação Influencer: “A justiça fez o seu papel” diz presidente da Câmara de Sines

O autarca, que esteve vários dias detido e foi libertado esta segunda-feira, defende que “a justiça fez o seu papel”. Nuno Mascarenhas disse que irá aguardar pelo desfecho do processo.

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No total, há nove arguidos no processo, incluindo Nuno Mascarenhas CÂMARA MUNICIPAL DE SINES

O presidente da Câmara de Sines (Setúbal), Nuno Mascarenhas, arguido na Operação Influencer, garantiu esta terça-feira que o seu executivo, de maioria socialista, vai continuar a trabalhar com vista à atracção de investimentos para este território.

"Iremos continuar a desenvolver o nosso trabalho com o mesmo sentido de compromisso público, para que o concelho de Sines se mantenha um concelho atractivo para as pessoas, para as empresas e para todos aqueles que queiram investir, públicos e/ou privados", afirmou.

Numa breve declaração no Salão Nobre dos Paços do Concelho, onde esteve acompanhado pelos outros três eleitos da maioria PS no município, Nuno Mascarenhas assegurou que vai "continuar a lutar para o crescimento e desenvolvimento de Sines, do seu território e desta região".

Para o autarca, que esteve vários dias detido e foi libertado esta segunda-feira sob Termo de Identidade e Residência (TIR), "a justiça fez o seu papel".

"E concluiu que não existe qualquer ilícito na minha conduta, no exercício as minhas funções de presidente da Câmara de Sines, às quais tenho, aliás, dedicado os últimos 10 anos da minha vida", acrescentou.

Nesta declaração, sem direito a perguntas dos jornalistas, Nuno Mascarenhas disse que irá "aguardar com serenidade e tranquilidade pelo desfecho do processo" judicial, "confiante de que a justiça irá prevalecer".

O autarca agradeceu ainda à população, aos funcionários do município, aos colegas de executivo e, em especial, à família "por todo o apoio".

No âmbito do processo Influencer, o Ministério Público (MP) pretendia a suspensão de mandato e a proibição de contactos e de entrar nas instalações da autarquia para Nuno Mascarenhas.

Contudo, o juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) de Lisboa, na sua decisão, decidiu aplicar a medida de coação menos gravosa, a de TIR, ao autarca, referindo que "não se mostra indiciada a prática pelo mesmo de qualquer ilícito criminal".

A Operação Influencer, que se tornou pública há uma semana pelo Ministério Público (MP), envolveu 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas, uma delas o presidente da Câmara de Sines.

Os outros foram o agora ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro Vítor Escária, o consultor Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa, e os administradores da empresa Start Campus Afonso Salema e Rui Oliveira Neves.

Os cinco detidos acabaram por sair em liberdade na segunda-feira, por decisão do TCIC, que aplicou uma caução de 150 mil euros e a proibição de sair do país a Diogo Lacerda Machado, tendo esta última medida de coação sido igualmente imposta a Vítor Escária.

Tal como o autarca de Sines, também os dois administradores da Start Campus, empresa construtora de um centro de dados naquela cidade do litoral alentejano, ficaram com TIR.

No total, há nove arguidos no processo, incluindo o agora ex-ministro das Infra-estruturas João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o advogado, antigo secretário de Estado da Justiça e ex-porta-voz do PS João Tiago Silveira, e a empresa Start Campus (que foi sujeita a uma caução de 600 mil euros).

O primeiro-ministro, António Costa, é alvo de um inquérito no MP junto do Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitas no processo que investiga tráfico de influências no negócio de um centro de dados em Sines (entre outros negócios).

O MP considera que houve intervenção do primeiro-ministro na aprovação de um diploma favorável aos interesses da empresa Start Campus, responsável pelo centro de dados, de acordo com a indiciação. No dia da demissão, Costa recusou a prática "de qualquer acto ilícito ou censurável".