Seguiram um trilho no Google Maps que não existia e tiveram de ser resgatados

Dois caminhantes tiveram de ser resgatados recentemente de helicóptero depois de, possivelmente, “terem tentado seguir um trilho inexistente no Google Maps” rumo a “penhascos perigosos” no Canadá.

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Trilho "fantasma" foi, entretanto, retirado do Google Maps Matilde Fieschi (Arquivo)
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No início do mês, a equipa de buscas e salvamento do grupo canadiano North Shore Rescue resgatou, a helicóptero e corda, “um alpinista preso num penhasco nas traseiras” do monte Fromme, na Colúmbia Britânica – o terceiro naquela zona e o segundo em menos de dois meses. Nos dois casos mais recentes, pelo menos, os caminhantes poderão “ter procurado seguir um trilho no Google Maps que não existe”, afirma o grupo numa publicação no Facebook.

O percurso assinalado na plataforma, entretanto eliminado pela Google a pedido do grupo, atravessava uma área que, além de “não ter trilhos”, é “muito íngreme com muitas fragas por toda a parte”. “A área é claramente perigosa, visto ter sido o local de um acidente mortal anterior”, há dois anos, refere ainda a publicação. O grupo terá colocado sinalética a alertar para o perigo nas semanas anteriores, mas não terá sido suficiente para evitar o último resgate.

Devido à “densa copa das árvores”, e uma vez que o caminhante não tinha nenhuma lanterna, a equipa de salvamento não conseguiu avistá-lo a partir do helicóptero e teve de descer por corda, relata o grupo. “A equipa conseguiu localizar o indivíduo, colocá-lo num arnês e trazê-lo em segurança para um local onde ele e a equipa pudessem ser extraídos de helicóptero – mesmo antes de as nuvens se fecharem e impedirem o acesso.”

Para o North Shore Rescue, “é simplesmente inapropriado navegar em áreas de natureza selvagem utilizando programas de 'mapas de ruas urbanas', como o Google Maps”, aconselhando ferramentas criadas especificamente para actividades ao ar livre, como CalTopo ou Gaia, “pré-carregadas com um mapa topográfico adequado da região”.

“Se utilizar o telemóvel para orientação (recomendamos sempre o bom e velho mapa de papel e bússola), não se esqueça de levar uma bateria externa carregada, uma vez que os programas de cartografia podem esgotar rapidamente a bateria do telemóvel, especialmente no frio”, sublinha.

De acordo com um comunicado enviado pela Google Maps ao New York Times a propósito do tema, é utilizada “uma variedade de fontes para actualizar o Google Maps, incluindo informações de terceiros, imagens e comentários da nossa comunidade”. Qualquer pessoa pode enviar sugestões de edição, não estando claro como é que o trilho fantasma apareceu no Google Maps.

Certo é que este não é o primeiro incidente do género. Em 2021, a Montaineering Scotland, uma organização de escalada, e a John Muir Trust, uma instituição de caridade para a conservação que mantém áreas naturais na Grã-Bretanha, emitiram um alerta para o facto de o Google Maps poder estar a direccionar os visitantes para trilhos “potencialmente fatais” em Ben Nevis.

Em Setembro, a família de um norte-americano decidiu processar a Google por negligência, alegando que este seguia as indicações do Google Maps quando caiu numa ponte que tinha desabado.

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