Familiares contra trasladação de Eça de Queiroz recorreram da decisão do Supremo
O recurso entrou no Supremo Tribunal Administrativo no prazo-limite e será agora avaliado pelo plenário do contencioso.
Os bisnetos de Eça de Queiroz que apresentaram a providência cautelar para impedir a trasladação dos restos mortais do escritor para o Panteão Nacional, rejeitada pelo Supremo Tribunal Administrativo, apresentaram recurso da decisão, disseram à Lusa fontes ligadas ao processo.
O recurso entrou no Supremo Tribunal Administrativo (STA) no prazo-limite e será agora avaliado pelo plenário do contencioso, em data ainda a definir.
Assim que ficou conhecida a decisão do STA, este grupo de familiares deu conta da sua intenção de recorrer. "Apesar do tom triunfalista que tem sido usado para dar a ideia de que a questão está definitivamente resolvida, a verdade é que não está, pois a possibilidade de recurso do acórdão produzido existe e este vai ser accionado", lia-se no comunicado assinado por estes seis bisnetos, enviado à Lusa no passado dia 24 de Outubro, cinco dias depois de o Supremo rejeitar a providência cautelar.
O STA considerou então não ficar provado "o necessário pressuposto da alegada oposição por parte da maioria dos bisnetos", à resolução da Assembleia da República que decidia a trasladação. Dos 22 bisnetos do escritor, 13 concordaram com a trasladação para o Panteão Nacional, e outros três abstiveram-se.
Também a Fundação Eça de Queiroz, presidida pelo escritor Afonso Reis Cabral, é favorável à trasladação, tendo sido a primeira a avançar para este processo.
A resolução da Assembleia da República que concede honras de Panteão Nacional a Eça de Queiroz (Resolução 55/2021), impulsionada pelo grupo parlamentar do PS, foi aprovada por unanimidade, em plenário, no dia 15 de Janeiro de 2021.
Para o efeito foi constituído um grupo de trabalho que desenvolveu uma série de diligências, tendo a trasladação sido marcada para o passado dia 27 de Setembro.
A cerca de uma semana desta data, o grupo de seis bisnetos fez um pedido de providência cautelar para a suspensão da resolução parlamentar, depois de já se ter dirigido ao presidente da Assembleia da República, mais de dois anos passados sobre a decisão, para propor que as honras fossem concedidas através da aposição de uma lápide evocativa no Panteão, sem a trasladação dos restos mortais, que se encontram em Tormes, no concelho de Baião.
Eça de Queiroz morreu em 16 de Agosto de 1900 e foi sepultado em Lisboa. Em Setembro de 1989, os seus restos mortais foram transportados do Cemitério do Alto de São João, na capital, para um jazigo de família, no cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião, distrito do Porto.