Jornalistas do JN acusam administração de “tentativa de ingerência” editorial

Em causa estão mudanças nas direcções das revistas Evasões e Volta ao Mundo.

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Antiga sede do JN, que o jornal deixou recentemente com protestos dos jornalistas Paulo Pimenta
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O Conselho de Redacção (CR) do Jornal de Notícias (JN) acusa a administração do Global Media Group (GMG), que detém este e outros títulos, de “uma tentativa de ingerência externa em competências exclusivamente editoriais”.

Segundo um comunicado do Conselho de Redacção do JN a que o PÚBLICO teve acesso, a acusação acontece na sequência de um comunicado da empresa, que os jornalistas receberam “com grande preocupação”, a dar conta de “mudanças na direcção editorial das revistas Evasões e Volta ao Mundo, “que nos últimos anos têm estado na órbita do JN”.

O CR lembra que os directores das duas revistas são, também, directores do JN: Inês Cardoso, da Evasões, e Pedro Ivo Carvalho, da Volta ao Mundo. Os dois directores deram conta de que não foram ouvidos previamente e que tinham tido conhecimento das mudanças pelo comunicado da administração, datado de 10 de Novembro.

“Acresce que nenhum dos directores, aparentemente destituídos por um email enviado numa sexta-feira à hora de almoço, foi informado sobre qualquer eventual processo de transição, talvez impossível de operacionalizar, uma vez que as alterações efectivam a partir de [desta] segunda-feira próxima, 13 de Novembro. Desta forma, fica por saber quem vai fechar os números da Evasões e da Volta ao Mundo que vão para o prelo durante a próxima semana”, lê-se no comunicado do CR.

Na nota da administração é revelado ter sido nomeado para “coordenar” as duas revistas Pedro Lucas, com os jornalistas a considerarem que foram “destratados os dois directores (…), destituindo-os por email, sem qualquer aviso prévio e sem cobertura legal, ao arrepio da Lei de Imprensa”.

“Pedro Lucas vai assumir um cargo de coordenação e responder aos directores actuais das duas revistas, o que também carece de cobertura legal, uma vez que configura uma intromissão da Administração em questões editoriais, pois a nomeação de editores e coordenadores compete em exclusivo aos respectivos directores”, acrescentam os jornalistas.

O Conselho de Redacção “teme que a mudança das revistas do JN para Lisboa, além de uma datada e desnecessária expressão de centralismo, signifique um esvaziamento do JN e confirme o desinvestimento a que tem sido votada a marca-âncora do GMG”, que detém também o DN e a rádio TSF.

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