Crise sísmica abranda na Islândia, mas não o receio de uma erupção iminente
Três mil pessoas permanecem deslocadas. Autoridades permitiram visitas curtas a Grindavík para recolha de pertences e animais de estimação deixados nas casas evacuadas.
Depois de terem sido registados mais de 1400 sismos durante 48 horas perto da localidade de Grindavík, no Sudoeste da Islândia, a 50 quilómetros da capital, Reiquiavique, a crise sísmica que levou à retirada de três mil habitantes das suas casas abrandou no domingo. Mantém-se, no entanto, o receio de uma erupção vulcânica que poderá ocorrer nos próximos dias.
"Isto são precursores típicos de uma erupção", explicou a académica Rikke Pederson, da Universidade da Islândia, em declarações à rádio nacional dinamarquesa. No entanto, disse, a redução da frequência e intensidade dos sismos nas últimas 24 horas também poderá indicar uma estabilização da situação geológica. "Pode ser difícil concluir o que isto significa", afirmou.
Por agora, o cenário de uma erupção iminente continua a ser dado como provável pelos cientistas e pelas autoridades islandesas. Os especialistas detectaram um fluxo de magma num "túnel" natural de 10 quilómetros que passa directamente por baixo da localidade de Grindavík. É algures ao longo desta linha que se espera que a erupção possa ocorrer, não estando descartado que possa ocorrer no mar e não em terra.
Este domingo, as autoridades deram a oportunidade a uma pessoa de cada família de voltar a casa durante cinco minutos, acompanhados por um funcionário dos serviços de emergência, para recolher bens essenciais e animais que tenham ficado para trás: há registo de gatos, cavalos, ovelhas e aves que foram deixados em Grindavík durante a evacuação de sexta-feira, que surpreendeu vários habitantes.
A elevada actividade sísmica na Islândia, e particularmente no Sudoeste do país, no entanto, não é propriamente uma surpresa. Nos últimos três anos, sucessivas crises vulcânicas ocorreram naquela região. Em Março de 2021, a lava chegou à superfície numa fissura de 750 metros no sistema vulcânico de Fagradalsfjall, próximo de Grindavík, que não registava actividade há seis mil anos.
A Islândia, situada na confluência das placas tectónicas da América e da Europa, no Atlântico Norte, tem 33 sistemas vulcânicos activos. Em 2010, a erupção do vulcão Eyjafjallajökull causou uma nuvem de cinzas que perturbou o tráfego aéreo internacional durante vários dias, sobretudo na Europa e na América do Norte. As autoridades islandesas descartam um cenário semelhante de disrupção internacional, uma vez que as características geológicas da zona onde agora se centram as atenções são diferentes.