Benfica-Sporting, um derby sem rede para Roger Schmidt
O técnico benfiquista diz que o jogo é “a oportunidade” da “redenção” para a sua equipa, enquanto Rúben Amorim colocou como uma “obsessão” ficar com seis pontos de avanço sobre as “águias”.
Quase ano e meio depois de ser oficializado como treinador do Benfica, Roger Schmidt terá esta noite (20h30, BTV) o seu primeiro derby como treinador benfiquista sem rede para amparar nova queda. Embora o técnico tenha adiantado neste sábado, na antevisão da jornada 11 da I Liga, a data em que considera que deixará o clube “encarnado” - “O meu objectivo passa por estar no Marquês de Pombal em 2026 a dizer adeus ao Benfica” -, apenas Schmidt acreditará que uma derrota e uma exibição semelhante à da passada quarta-feira, no País Basco, frente à Real Sociedad lhe garantirá condições para se manter no comando das “águias”. Para tornar o cenário benfiquista ainda mais periclitante, do outro lado, no Estádio da Luz, estará o líder e confiante Sporting de Rúben Amorim, que, bem ao seu estilo, respondeu ao treinador adversário: “Se não estiver no final deste ano [no Marquês de Pombal], não estarei em 2026.”
Quando foi realizado o sorteio para a I Liga 2023/24 e ficou a saber-se que a 11.ª jornada reservava o Benfica-Sporting, na Luz, dificilmente alguém acreditaria que o panorama actual seria verosímil. Num ápice, o balão “encarnado”, repleto de confiança após a conquista do título e de um mercado de transferências repleto de reforços, esvaziou-se e, com mais derrotas em Novembro (cinco) do que em toda a época passada (quatro), a nau benfiquista parece à deriva.
E é essa aparente falta de rumo, com mudanças tácticas dúbias e discursos singulares de Schmidt – “Não estávamos prontos para o jogo”, após a derrota em San Sebastián – que torna este frente a frente entre “águias” e “leões” difícil de decifrar.
Se o início do percurso de Schmidt em Portugal ficou pautado por uma aposta fiel e bem-sucedida num "onze-tipo", o que se revelou decisivo para a conquista do título benfiquista, o segundo acto do germânico em solo português tem sido marcado por opções aos ziguezagues.
Sem substitutos à altura para Gonçalo Ramos e Grimaldo, apesar dos quase 40 milhões de euros investidos num avançado e num lateral esquerdo -, a solução encontrada por Schmidt para debelar os seus problemas foi alterar o sistema (três centrais) e colocar dois dos seus principais trunfos a tapar buracos (João Neves como ala direito; Ausners do lado contrário). Se em duelos com grau de dificuldade menor (Arouca e Chaves) a competência dos dois jogadores disfarçou o improviso, na Liga dos Campeões a estratégia revelou-se um desastre.
É nesse ponto que o Benfica vai iniciar o derby contra o Sporting, mas para Schmidt “uma coisa boa no futebol” é que “depois de um mau resultado”, há “a oportunidade” da redenção". Isto apesar do técnico considerar que a sua equipa está “bem no campeonato” e de apontar para o seu contrato: “Não diz que tenho de ganhar todos os títulos até 2026.”
Assim, depois de confirmar que Kokçü, Bah, Bernat e Neres estão fora de combate, o germânico garantiu que mesmo que os seus jogadores possam “não ser perfeitos”, estão “motivados ao máximo”. “Já ganhámos a Supertaça e já ultrapassámos momentos complicados que vivemos. Debaixo de pressão, já demonstrámos que conseguimos reagir”, concluiu.
Um par de horas depois de Schmidt terminar o seu frente a frente com os jornalistas, foi a vez do Rúben Amorim entrar em campo. E, com o discurso fluido e pragmático de sempre, o português foi hábil em discretos "mind games". Embora tenha feito questão de dizer que “os resultados no campeonato” do Benfica “são praticamente os mesmos” em comparação com a última temporada, Amorim deixou uma alfinetada ao rival, dizendo que o derby “não é decisivo, mas é muito desconfortável ter seis pontos de desvantagem” antes de uma paragem do campeonato.
Sobre como irá abordar o derby, o treinador “leonino” disse estar preparado para “os dois sistemas do Benfica”, mais disse acreditar num passo atrás de Schmidt, pelo que deu “mais ênfase ao sistema mais antigo": "Preparámos um voltar do Benfica ao normal".
Sobre a sua equipa, revelou que Morita está apto e mostrou exigência quando confrontado com a possibilidade de conseguir na Luz a sua 100.ª vitória - “Pensei que enquanto equipa técnica podíamos ter chegado a essa marca mais cedo”. E apontou para o principal objectivo: “Tem de ser uma obsessão os seis pontos de avanço. Cada vez que podemos ganhar pontos aos rivais, temos de aproveitar isso."