A Flor do Buriti, de Renée Nader Messora e João Salaviza, premiado em Itália
Já premiado nos festivais de Cannes e de Munique, o filme venceu agora o prémio de Melhor Longa-metragem do festival dei Popoli, em Florença.
O filme A Flor do Buriti, da realizadora brasileira Renée Nader Messora e do português João Salaviza, venceu este domingo o prémio de Melhor Longa-metragem na competição internacional do 64.º Festival dei Popoli, em Florença, Itália, o mais antigo festival europeu dedicado ao cinema documental.
"Depois de ter tido a sua estreia mundial, e de ter sido galardoado com o Prémio de Elenco, na selecção oficial do Festival de Cannes – Un Certain Regard, A Flor do Buriti vence agora o prémio principal do 64.º Festival dei Popoli, em Florença", que termina este domingo, assinala a produtora o Som e a Fúria em comunicado.
A Flor do Buriti foi rodado com o povo Krahô, do Brasil, na terra indígena Kraholândia, onde os dois realizadores já tinham filmado Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos, em 2019.
O título do filme, que terá estreia comercial em Portugal a 21 de Março de 2024, faz referência à flor dum tipo de palmeira selvagem que cresce no Brasil e que se encontra no território da comunidade Krahô.
Em Maio, o Festival de Cannes sublinhou que este filme presta um "extraordinário tributo à capacidade de resiliência daquele povo indígena e à luta pela liberdade", enquanto o jornal Le Monde destacou a "grande magia poética" da obra.
Desde que se estreou no Festival de Cinema de Cannes, A Flor do Buriti já conquistou vários prémios, entre os quais o Prémio de Melhor Filme Latino-americano, atribuído pela APIMA – Asociación de Productores Independientes, no festival Mar del Plata, na Argentina.
O 64.º Festival dei Popoli, que está a decorrer desde o dia 4 deste mês, tem o português Pedro Costa como um dos realizadores em foco. Ao longo do festival, foram exibidos vários filmes de Pedro Costa, entre os quais O Sangue (1989), Ossos (1997), No Quarto da Vanda (2000), Juventude em Marcha (2006), Cavalo Dinheiro (2014) e Vitalina Varela (2019).
Na secção Doc at Work – Future Campus, na qual são apresentados filmes de realizadoras e realizadores "provenientes das melhores escolas de cinema europeias", foram exibidos o filme português A Minha Raiva É Underground, de Francisca Antunes, e a co-produção entre Portugal, Ucrânia, Bélgica e Hungria O Fumo do Fogo, de Daryna Mamaisur.
O filme de Francisca Antunes venceu em Maio o Prémio Novíssimos, da secção dedicada aos novos realizadores, da 20.ª edição do IndieLisboa. Segundo o site deste festival, trata-se de "uma narrativa contada na primeira pessoa na qual o espaço e o som trabalham na reconstrução de uma ligação com o corpo que se perdeu".
Já a ucraniana Daryna Mamaisur, refugiada em Portugal, documenta em O Fumo do Fogo a aprendizagem da nova língua, cruzando memórias numa realidade dividida com o seu país em guerra. O filme teve estreia mundial no Festival de Cinema de Marselha, em França, em Julho deste ano.