Festival Míscaros no Fundão alargado e decorado com lixo da serra da Gardunha
O Festival do Cogumelo volta a realizar-se no Alcaide, aldeia do Fundão, com uma decoração feita a partir de lixo recolhido na serra da Gardunha e uma versão que se prolonga para lá dos três dias.
O Míscaros - Festival do Cogumelo está de regresso ao Alcaide, aldeia do concelho do Fundão, de 17 a 19 de Novembro, com uma programação que integra gastronomia, animação de rua, artes, workshops, concertos e exposições. Mas, nesta 14.ª edição, a organização "prolonga a experiência" a um "Míscaros nas Calmas" no fim-de-semana seguinte, de 24 a 26 de Novembro, e até 9 de Dezembro vão continuar a ser dinamizados os passeios micológicos.
"Vai ser um primeiro fim-de-semana que é uma algazarra completa, e um outro, que vai ter também animação, mas mais calmo, para dar oportunidade às pessoas de desfrutarem mais tranquilamente, sem filas", salientou, em declarações à agência Lusa, Fernando Tavares, presidente da Liga dos Amigos do Alcaide (LAA), entidade que organiza o Míscaros em parceria com a câmara do Fundão.
Segundo Fernando Tavares, a decisão de ter o Mês do Cogumelo deveu-se à necessidade sentida de dar resposta à elevada procura habitual, que nem sempre permitia a todos os visitantes experimentarem tudo o que pretendiam. O responsável deu o exemplo das 180 vagas abertas para os primeiros passeios micológicos, que esgotaram em dois dias.
Esta semana, abriram as inscrições para mais três fins-de-semana, em que é possível participar nestas visitas orientadas por especialistas, para identificar algumas das mais de 500 espécies existentes na serra da Gardunha, e também um passeio com cães. "Queremos promover o respeito pela natureza e o conhecimento do nosso património micológico", realçou o presidente da LAA.
A sensibilização ambiental é outra das prioridades, afirmou Fernando Tavares. De acordo com o responsável, o Míscaros não utiliza plástico desde 2015 e, este ano, foi feita uma recolha de lixo na serra da Gardunha, que vai ser reaproveitado para fazer as instalações e a decoração, em parte por crianças da escola do Alcaide, para envolver e consciencializar toda a comunidade. "É importante saber que, por um lado, limparam-se zonas da Gardunha e, por outro, reutilizou-se e passou-se uma mensagem de sustentabilidade", vincou.
Fernando Tavares frisou que, após 14 edições, os visitantes vão continuar a ser surpreendidos e destacou tratar-se de um evento "feito em casa das pessoas, que abrem as suas portas para os visitantes entrarem e experimentarem as refeições confeccionadas por si, não é numa tenda, com vários expositores".
O dirigente da LAA destacou ainda que o Festival do Cogumelo vai ter à venda vinte espécies, através de produtores certificados, para garantir a segurança alimentar. O habitual almoço comunitário de arroz de míscaro volta a realizar-se no domingo, dia 19, e este ano, na Arena Gardunha, vão estar a cozinhar ao vivo, entre outros, dois chefs com estrela Michelin: Alexandre Silva e António Loureiro, que vão "fazer a sua interpretação dos sabores do cogumelo".
O vice-presidente da Câmara Municipal do Fundão, Miguel Gavinhos, enfatizou o "impacto muito significativo" que o Míscaros tem na economia e turismo locais, nomeadamente na hotelaria, já com a lotação esgotada no concelho e a notar-se "a pressão" nas unidades dos municípios vizinhos.
De acordo com o autarca, em declarações à agência Lusa, o Festival do Cogumelo representa uma circulação de "cerca de meio milhão de euros" no concelho, entre as transacções feitas no evento e a hotelaria e espaços de restauração locais.
Este ano vai ser instalado um compostor comunitário no Alcaide para fazer o aproveitamento dos biorresíduos, que darão origem a fertilizantes.